Procura-se uma cratera

Estrutura de cerca de 200 km de diâmetro encontrada na península de Yucatán, no Golfo do México, foi confirmada como a cratera resultante da queda de um asteroide que levou à extinção de 75% das espécies da Terra, incluindo os dinossauros, há 66 milhões de anos

Imagem de relevo do canto noroeste da península de Yucatán, no México, mostrando uma indicação sutil, mas inconfundível, da cratera de impacto de Chicxulub. A maioria dos cientistas agora concorda que esse impacto foi a causa do evento de extinção em massa que ocorreu há 66 milhões de anos e atingiu 75% das espécies da Terra, incluindo os dinossauros. O padrão da borda da cratera é marcado por uma calha, a linha semicircular verde mais escura perto do centro da imagem (CRÉDITO: IMAGEM WIKIMEDIA COMMONS)

Como mostramos nas duas colunas anteriores, o debate sobre a extinção em massa ocorrida no final do período Cretáceo estava centrado na questão de o evento ter sido gradual – causado por vulcanismo ao longo de centenas ou mesmo milhares de anos, o que é representado pelas rochas vulcânicas do planalto de Deccan, na Índia – ou instantâneo – em decorrência do impacto de um asteroide ou outro corpo celeste.

A grande resistência à teoria de que a extinção teria sido causada por um impacto era a falta de uma cratera. E não podia ser qualquer uma; tinha que ser uma estrutura de grande porte, com idade compatível com o limite Cretáceo-Paleógeno (K-Pg), datado de 66 milhões de anos atrás. Encontrar uma cratera assim não seria uma tarefa fácil e, para muitos, talvez até impossível.

Alexander W. A. Kellner
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Academia Brasileira de Ciências