Ao longo dos últimos 50 anos, o Programa Nacional de Imunizações brasileiro vem tornando acessíveis vacinas em um país extenso, diverso e com muitas áreas remotas. Esse alcance ajuda, em parte, a explicar o sucesso do PNI, criado em 1973. Mas, para continuar como exemplo de saúde pública até o seu centenário, são necessárias ações efetivas, alerta o pediatra infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim) e representante do Brasil na Rede de Programas de Imunizações das Américas na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Precisamos ter campanhas mais empáticas, não só informativas, mas motivacionais, que mexam com os sentimentos das pessoas e as façam entender por que é importante vacinar, o que acontece se elas não se vacinarem, quais são os riscos da doença e que há um compromisso social”, afirma. O especialista se mostra otimista com a retomada, ainda que lenta, das taxas de cobertura vacinal no país. E defende “microplanejamentos” que atendam às particularidades de cada região brasileira para fazer frente à corrente de fake news e hesitação que passou a afetar os brasileiros mesmo antes da pandemia. “O grande desafio é continuar motivando as pessoas em busca de uma ação preventiva quando elas não se sentem mais ameaçadas”, afirma o médico.