Do latim cognosco, o verbo‘conhecer’, carregado de sentido, tanto pode remeter à origem da vida quanto a da morte. Utilizado nas narrativas bíblicas para explicar o sexo para procriação, bem como em outras mitologias para justificar os severos castigos impingidos àqueles que ousavam conhecer os segredos da vida – uma vez que estes eram de propriedade dos deuses –, esse verbo tornou-se muito perigoso.
Na história de Adão e Eva, por exemplo, ‘conhecer’ foi utilizado principalmente para explicar a relação carnal entre os primeiros humanos:“Adão conheceu sua mulher e ela concebeu; Caim conheceu sua mulher, que concebeu”. Daí decorre a famosa expressão “conhecer, no sentido bíblico”. Além disso, Adão e Eva foram castigados porque desafiaram o criador e experimentaram o fruto da árvore do conhecimento, assim como Prometeu, cujo castigo foi ter uma águia comendo-lhe o fígado, porque ousou dividir com os mortais o conhecimento sobre o uso do fogo.
Ao grego Pitágoras de Samos foi atribuído o vocábulo ‘filosofia’, que quer dizer amizade pela sabedoria, pelo conhecimento. Mas somente aos deuses era dado o privilégio da plena sabedoria, e aos mortais restava apenas o desejo de possuí-la, daí os inúmeros exemplos que a literatura nos fornece sobre a luta incessante dos homens para se apoderar do conhecimento.
Georgina Martins
Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras)
Curso de Especialização em Literatura Infantil e Juvenil, Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escritora de livros para crianças e jovens