Sapatinhos Vermelhos e Branca de Neve nos bailes da morte

A continuidade do paralelo entre Branca de Neve e Sapatinhos Vermelhos com a peste negra e a relação com a pandemia atual

O conto Sapatinhos Vermelhos, do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), tem como protagonista uma menina que é severamente castigada pelo fato de não só desejar, mas de possuir sapatos vermelhos, e com eles ir ao funeral de sua avó; e, tempos depois, ao ritual de sua consagração na igreja.

Por ceder ao pecado da vaidade, a menina é amaldiçoada por um soldado de barba ruiva, e perde o controle sobre os próprios pés que, guiados pelos sapatinhos vermelhos, a fazem dançar sem parar por dias e dias, em todas as direções, incluindo o cemitério local. Somente depois de ter os pés cortados é que a menina se viu livre da maldição, mas ainda assim, os sapatinhos continuaram a dançar com os pés dela, até desaparecerem no bosque.

O apego extremado de Andersen à religião pautou praticamente toda sua produção literária, o que resultou em um material muito contaminado pelos dogmas do cristianismo. Suas personagens oscilam entre a sedução do pecado e a virtude da redenção.

Georgina Martins

Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras)
Curso de Especialização em Literatura Infantil e Juvenil, Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escritora de livros para crianças e jovens