Sequestro de carbono

Existem várias alternativas para capturar o gás carbônico da atmosfera e reduzir suas emissões, como forma de deter o aumento da temperatura da Terra. Mas algumas dessas medidas podem representar novos riscos para o planeta.

A expressão ‘sequestro de carbono’ desperta curiosidade imediata. Se o carbono é um dos elementos químicos mais importantes para a manutenção da vida, que existe em equilíbrio no nosso planeta há alguns bilhões de anos, por que falamos, agora, em sequestrá-lo? A resposta é simples: para recolocar cada coisa no seu lugar.

Para entender, é preciso lembrar que os elementos químicos que constam na tabela periódica ocorrem em diferentes partes da Terra (atmosfera, solo, água, seres vivos, rocha), mas seu tempo de permanência em cada um desses ambientes depende dos processos dos quais participam. Essas permanências e transferências formam seus ciclos biogeoquímicos.

Alguns exemplos: o carbono que está presente em nosso corpo já foi parte da berinjela da última refeição, que, por sua vez, contou com o CO2 assimilado da atmosfera durante a fotossíntese. Antes disso, esse mesmo CO2 poderia ter resultado da respiração de um simples peixinho, ou da decomposição de algum organismo morto, como uma árvore. Se o tempo de vida dessa árvore foi de 100 anos, o carbono presente em seu tronco permaneceu ali imobilizado por esse tempo. Da mesma forma, o carbono que compõe as reservas de petróleo atuais já foi parte do corpo de algum organismo vivo há milhões de anos.

Viviane Fernandez e Kenny Tanizaki

Departamento de Análise Geoambiental,
Instituto de Geociências,
Universidade Federal Fluminense