Em artigo publicado no periódico britânico Nature – e que já havia vazado para as redes sociais em setembro –, pesquisadores do Laboratório de Inteligência Artificial Quântica da Google e colaboradores afirmam ter atingindo a chamada supremacia quântica.
Supremacia quântica – termo cunhado pelo pesquisador norte-americano John Preskill, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) – é a fase na qual computadores quânticos – isto é, processadores programáveis que usam lógica quântica – são capazes de resolver problemas matemáticos que não podem ser resolvidos com computadores clássicos, ou seja, esses que usamos diariamente.
Para atingir tal etapa, os autores do artigo construíram um protótipo de computador quântico e o usaram para resolver, em 200 segundos, um problema que, segundo estimativas dos próprios pesquisadores, custaria ao mais potente supercomputador da atualidade cerca de 10 milênios!
Esse resultado é um marco. Computadores quânticos, capazes de resolver problemas até então intratáveis, são agora realidade. A pesquisa básica feita, por décadas, por milhares de cientistas espalhados pelo mundo, está, neste momento, à beira de virar tecnologia.
Como diz frase atribuída a Marshall MacLuhan (1911-1980), teórico da comunicação canadense: “Nós moldamos nossas ferramentas, e, depois, elas nos moldam.” A forma como computadores quânticos vão nos moldar ainda é imprevisível. Seja como for, a mudança vai ser radical, e precisamos estar preparados.
Fernando de Melo
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (RJ)
Leandro Aolita
Instituto de Física,
Universidade Federal do Rio de Janeiro