O genocídio da população negra, em curso no mundo, vem continuamente acrescentando pressão ao contexto de profundas desigualdades raciais presentes na sociedade. Em 2020, ano que se estabeleceu como um catalisador de tensões sociais – após o assassinato do afro-americano George Floyd por um policial nos Estados Unidos, filmado e reproduzido pelas mídias digitais centenas de milhões de vezes –, a pressão, que já era grande, foi potencializada, tornando-se disrupção social e incendiando o debate sobre racismo e antirracismo em várias partes do mundo. Essa catarse mundial vem ao encontro, no Brasil, do nosso próprio estado de calamidade racial, em que contamos diariamente corpos de meninas e meninos negros, como os de Ágatha, Miguel e João Pedro.
O Brasil tem visto o aumento da visibilidade do tema ‘antirracismo’, muito em função da luta histórica de mulheres e homens intelectuais e militantes negros por equidade racial em diversas dimensões da sociedade. O livro da filósofa e ativista Djamila Ribeiro, lançado em novembro de 2019, compõe essa rede e é um exemplo de iniciativa gestada pela indignação, pela articulação e pelo pensamento estratégico dentro da luta antirracista.
Thayara Cristine Silva de Lima
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Antirracista,
Universidade Federal do Rio de Janeiro