“Tema e tremam em vossa presença todos os animais da Terra, todas as aves do céu e tudo o que tem vida e movimento na Terra. Em vossas mãos pus todos os peixes do mar. Sustentai-vos de tudo o que tem vida, e movimento: eu vos deixei todas essa coisas quase como ervas” (Gênesis, 9:2-3)[1].
Interpretada como verdade absoluta, e não como um conjunto de relatos ficcionais — literatura, poesia—, a Bíblia outorgou poder sobre tudo que há na face da Terra ao homem do ocidente. Este, por sua vez, tratou de exercê-lo com a prepotência e onipotência dos deuses, submetendo a natureza as suas necessidades e aos seus desejos mais cruéis, como o de caçar animais para enfeixá-los em coleções, exibir suas cabeças em paredes domésticas, e suas peles sobre os ombros de damas fúteis.
[1] FRYE. Nortrop. O código dos códigos: A Bíblia e a literatura. São Paulo: Boitempo, 2006.
Georgina Martins
Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras)
Curso de Especialização em Literatura Infantil e Juvenil, Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escritora de livros para crianças e jovens