Remando para a vitória

O uso de tecnologia de ponta em prol de melhores resultados esportivos não é novidade entre as potências olímpicas. No Brasil, essa prática começa a ganhar fôlego. No remo, por exemplo, os atletas já podem contar com um aparelho desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para aprimorar seu desempenho nos treinos.

A invenção, chamada de sistema de medição de sinais cinemáticos do complexo barco-remador, nada mais é que um dispositivo que mede vários fatores relacionados ao barco e ao atleta. Acoplado à embarcação e com sensores ligados ao remador, o aparelho – que também conta com um sistema GPS – registra em um cartão de memória dados minuciosos como o trajeto percorrido, a velocidade do barco e o número de remadas por minuto. Essas informações podem ser acessadas em um computador pelo técnico e pelo atleta.

Sistema de medição de desempenho
Acoplado ao barco e com sensores ligados ao atleta, o sistema grava dados essenciais sobre a performance do remador, como sua velocidade, o trajeto percorrido e o número de remadas por minuto. (foto: Laboratório de Instrumentação Biomédica/ UFRJ)

“Com o fornecimento desses dados objetivos, atletas e treinadores podem corrigir problemas biomecânicos do ato de remar, procurando chegar ao movimento perfeito, que proporcionará ao remador um melhor desempenho”, explica o engenheiro responsável pela pesquisa, Marcio Nogueira de Souza, do Laboratório de Instrumentação Biomédica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ.

Com os dados fornecidos, os remadores puderam focar o treinamento nos seus pontos fracos, indicados pelos números, e melhorar sua performance

A tecnologia vem sendo testada por atletas de remo do Clube de Regatas do Flamengo desde 2010. Com os dados fornecidos, os remadores puderam focar o treinamento nos seus pontos fracos, indicados pelos números, e melhorar sua performance. Segundo Souza, o sistema ainda está em fase de aprimoramento e deve ficar pronto para uso daqui a dois anos.

“O desenvolvimento do aparelho é sempre contínuo”, comenta. “Estamos colocando mais sensores no dispositivo para que ele capte novas informações, como a aceleração do barco, o ângulo vertical da remada e a força da empunhadura, por exemplo.”

Apesar de se tratar de um produto barato, Souza diz que não há perspectiva de produção do aparelho em larga escala, pois ele se dirige a um mercado consumidor restrito. No entanto, o engenheiro reforça a importância de divulgar o produto entre os atletas do remo. “Uma parceria entre clubes, a Confederação Brasileira de Remo e a universidade para produzir protótipos conforme a demanda poderia funcionar”, afirma. “Na Austrália, esse modelo é utilizado com sucesso.”

Lucas Lucariny
Ciência Hoje On-line