Reprodução de aves marinhas é tema de estudo pioneiro

Se acompanhar as aves em terra já parece complicado, imagine no mar. Observações em campo, esforço físico para subir e descer penhascos e muita paciência são alguns dos pré-requisitos necessários para o trabalho de um ornitólogo marinho. Isso é o que faz a equipe do Projeto Aves Marinhas coordenada por Joaquim Olinto Branco, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali): os pesquisadores realizaram um levantamento pioneiro sobre a reprodução de aves nas ilhas do litoral de Santa Catarina.

Grupo de aves marinhas dominado por pardelas-de-óculos
no litoral de Santa Catarina (foto: Fábio Olmos)

Essa é a primeira grande pesquisa desse tipo realizada no estado: outras duas feitas anteriormente durante as décadas de 1980 e1990 se restringiram a uma única ilha ou arquipélago. A coleta de dados começou em julho de 1999 e continua a ser feita até hoje pela equipe de nove pesquisadores. “Esse estudo é uma tentativa de se preencher uma lacuna muito grande nos estudos de aves marinhas brasileiras”, disse Branco, que teve sua pesquisa publicada na edição de dezembro de 2003 da Revista Brasileira de Zoologia.

Das 225 ilhas identificadas no litoral de Santa Catarina, apenas 10 são utilizadas pelas aves marinhas como local de nidificação e abrigo. Dentre elas, as mais importantes são as ilhas Moleques do Sul, o arquipélago dos Tamboretes e as ilhas Itacolomis. O monitoramento dessas 10 ilhas prosseguirá sem previsão de término.

De acordo com o levantamento feito pelos ornitólogos, existem cinco espécies de aves marinhas que nidificam nas ilhas de Santa Catarina: duas de trinta-réis, a fragata, a gaivota e o atobá-marrom. Segundo Branco, nenhuma delas está em perigo imediato de extinção, pois elas se reproduzem em áreas distantes da costa, onde o acesso é restrito, como a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo ou as Ilhas Moleques do Sul. Há alguns anos, era comum que os ovos fossem coletados por pessoas que acampavam nas ilhas, sobretudo pescadores. Hoje, no entanto, a conscientização ambiental é maior.

A introdução de espécies exóticas — como ratos, cabras e coelhos — pode ser considerada um dos principais causadores de distúrbios nas ilhas catarinenses. “Esses animais consomem a vegetação de gramínea, que geralmente é empregada na construção do ninho das aves”, disse Branco.

No intuito de reunir e unificar o conhecimento sobre as aves marinhas do território nacional, Branco está organizando um livro, que deverá ser lançado em julho de 2004, chamado Aves marinhas insulares brasileiras: bioecologia e conservação . A obra trará uma série de artigos sobre os grupos de estudos de diversos locais do Brasil, entre eles os dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte e dos arquipélagos de Fernando de Noronha, de São Pedro e São Paulo e de Abrolhos.

Leia na internet o artigo de Joaquim Olinto Branco

Liza Albuquerque
Ciência Hoje On-line
28/04/04