Rumo à telemedicina

 

Separados por centenas de quilômetros de distância, médicos de diferentes partes do país examinam uma mesma imagem radiológica à frente de seus computadores. Todos podem ressaltar detalhes da imagem e discutir sua interpretação por meio de áudio-conferência. Essa cena pode se tornar cada vez mais comum nos consultórios e hospitais brasileiros. Um novo ambiente de software em rede, a ‘Sala de Laudo Virtual’, desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), dispensa a presença física dos médicos para a elaboração de diagnósticos. Sem perda de qualidade, o software permite a análise remota de ultrassonografias, radiologias convencionais, ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas e outros exames.

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Software dispensa presença física de médicos para análise de exames

A informatização na área médica já permitia que exames fossem arquivados em um banco de dados sob um formato padrão para imagens radiológicas (chamado DICOM 3.0). O novo ambiente, desenvolvido a partir da dissertação de mestrado de Euclides de Moraes Barros Junior, possibilita o acesso simultâneo às imagens por vários terminais conectados à Internet ou Intranet. O sistema já foi utilizado com sucesso em testes conectando o Hospital Universitário da UFSC e a Clínica de Diagnóstico Médico por Imagem (DMI), localizada em São José (SC). A DMI já adota o software em rede local.

A nova ferramenta reduz custos e aprimora a qualidade do tratamento. “O sistema dispensa os gastos com as viagens que os médicos teriam que fazer para analisar um exame no interior do país, por exemplo”, explica Barros. “Ele permite também agilizar o diagnóstico, possibilitando o início imediato do tratamento.” O exame é enviado diretamente do laboratório ao médico, sem a necessidade de mediação do paciente. O ambiente permite também o intercâmbio de informações com especialistas no exterior e pode ser usado no ensino a distância da medicina, além de colaborar para a padronização dos laudos.

A ‘Sala de laudo virtual’ pode ser acessada pela Internet, a partir de qualquer plataforma ou sistema operacional. Para ter acesso a todos os benefícios do software, o ideal é aplicar um pequeno servidor DICOM a um PC Linux ou Windows/NT ligado à Internet. A segurança do ambiente é garantida por um servidor, que controla o acesso às imagens por um sistema de senhas individuais. A ‘Sala de laudo virtual’ integra o Projeto Cyclops, um programa de cooperação bilateral Brasil-Alemanha, e está vinculada à Rede Metropolitana de Alta Velocidade de Santa Catarina (RMAV-FLN), responsável pela implantação da Internet 2 no estado.

Helena Aragão
Ciência Hoje/RJ
10/08/00