Coluna Geoinformação Somos 8 bilhões!

Coluna Geoinformação
Somos 8 bilhões!

Quando falamos de população humana, geografia e matemática se misturam? Como os modelos matemáticos utilizados na obtenção de dados geoinformacionais podem contribuir para o estudo de funções em aulas de matemática? De que maneira estes modelos matemáticos podem contribuir para analisarmos o crescimento populacional levando em conta, por exemplo, os conhecimentos provenientes das teorias demográficas? A ‘coluna Geoinformação’ desta edição, intitulada Somos 8 bilhões, aborda o crescimento populacional de pessoas em nosso planeta e o alcance da quantidade citada no título. Com base da coluna e de referências utilizadas nela, também é possível perceber que alguns contextos podem ser modelados por gráficos que se assemelham aos de funções polinomiais do 1º grau ou de funções exponenciais, abordados em aulas de matemática. Além disso, a coluna permite discutir algumas das teorias demográficas, em especial as teorias Malthusiana, Neomalthusiana, Reformista e Ecomalthusiana, abrindo espaço para compreender quais caminhos e escolhas nos trouxeram até aqui.

Possibilidades de abordagem:

  • Elaborar e analisar a representação de funções polinomiais do 1º grau e de funções exponenciais em plano cartesiano, identificando suas características fundamentais – domínio, imagem e (de)crescimento.
  • Resolver problemas que possam ser modelados por funções polinomiais do 1º grau ou por funções exponenciais, compreendendo a variação das grandezas envolvidas em contextos como o de crescimento populacional.
  • Retomar e consolidar os conteúdos da geografia associados à análise espacial do crescimento populacional, tais como estrutura etária e de gênero, distribuição espacial da população e representação espacial de dados populacionais.
  • Discutir os aspectos centrais das principais teorias demográficas (Malthusiana, Neomalthusianas, Reformista e Ecomalthusiana), contextualizando-as historicamente.
  • Construir uma análise crítica sobre o uso de teorias populacionais como um discurso científico para justificar políticas de controle populacional.

Proposta de atividade:

Esta proposta é, idealmente, voltada para aulas interdisciplinares envolvendo as disciplinas de matemática e geografia em uma turma de 1ª série do Ensino Médio, porém adaptações são possíveis, caso não exista a possibilidade de docência compartilhada entre os professores das duas disciplinas.

A partir da leitura da coluna, realizada preliminarmente como tarefa de casa, indica-se que inicialmente sejam destacadas a importância e a variedade de gráficos e mapas gerados por este tema nos últimos meses e que estão disponíveis na reportagem da Folha de S. Paulo citada no texto. Assim, se faz necessário projetar a referida reportagem ou disponibilizá-la de outra forma aos estudantes. Em seguida, é importante estimular, caso os estudantes não tenham feito menção, que suscitem dúvidas e curiosidades sobre o que seriam dados geoinformacionais e como estes podem ser modelados matematicamente.

A atividade segue a partir da análise dos dados geoinformacionais disponibilizados na reportagem da Folha de S. Paulo. Inicialmente, cabe destacar a variedade de formas utilizadas para representar espacialmente dados na reportagem (mapas anamórficos, representação de dados através de pontos e outros símbolos, etc.).

No primeiro gráfico, sobre a evolução da população global, a turma pode sistematizar no quadro quais acontecimentos históricos e sociais importantes podem ser associados aos marcos temporais destacados no eixo ‘x’, tais como avanços científicos e tecnológicos, guerras, dentre outros. Nos gráficos seguintes, é possível revisar as noções de estrutura etária e gênero da população, além de algumas taxas importantes para os estudos demográficos, como a taxa de natalidade, fecundidade e mortalidade. Destaca-se a importância de sistematizar no quadro/caderno as noções revisadas para contribuir na leitura e compreensão das informações apresentadas na reportagem.

Em um segundo momento da aula, sugere-se que seja colocada a seguinte questão: ‘Quais problemas estão relacionados ao crescimento populacional?’. A partir desta questão, cabe apresentar para a turma os principais pontos da teoria malthusiana, destacando a visão de Malthus sobre o crescimento populacional e os problemas que envolvem sua teoria. Neste momento, recomenda-se abordar as ideias de crescimentos em progressão geométrica e em progressão aritmética atribuídas por Malthus à população e à produção de alimentos, respectivamente. Tais ideias devem ser associadas, no contexto matemático, às funções exponenciais no primeiro caso e às funções polinomiais do 1º grau no segundo caso, com destaque para o comportamento gráfico em cada um dos tipos de função.

Em seguida, os estudantes podem ser organizados em três grupos e – a partir de informações disponibilizadas pelos professores, na internet ou nos materiais didáticos – cada grupo fica responsável por apresentar para o restante da turma as teorias Neomalthusiana, Reformista e Ecomalthusiana, buscando destacar quais problemas cada uma das teorias indica em relação ao crescimento populacional.

Neste momento, será interessante enfatizar como essas teorias estão associadas a debates contemporâneos, como os direitos reprodutivos das mulheres, planejamento familiar e crise climática/ambiental. Neste sentido, recomenda-se a promoção de um debate no qual os estudantes destaquem como aulas como essa podem contribuir para o estudo de temas disciplinares, que, por vezes, são vistos como estanques e desconectados da realidade.

Recursos utilizados:

Crescimento Populacional.  Recursos educacionais multimídia para a matemática do Ensino Médio, M3 Matemática Multimídia, UNICAMP. Disponível em:  https://m3.ime.unicamp.br/recursos/1244

O economista que inspirou Thanos. Canal Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QQ0CuvUHP9E

Superpopulação . Canal Nerdologia. Disponível em: https://youtu.be/s5tawC8tG8c

TAVONI, R.; OLIVEIRA, R. Z. G. Os modelos de crescimento populacional de Malthus e Verhulst – uma motivação para o ensino de logaritmos e exponenciais. C.Q.D. – Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 2, n. 2, p. 86-99, dez. 2013. Disponível em: http://www2.fc.unesp.br/revistacqd/index.jsp