O que é o Antropoceno? O que isso significa? Compreender o conceito do Antropoceno e seus debates nos diversos campos científicos não é uma tarefa fácil. Embora haja resistência por parte dos geólogos em reconhecer o termo que oficializa uma nova era geológica, as evidências da influência humana nas dinâmicas naturais do planeta, em diferentes escalas, não podem e não devem ser ignoradas.
Para pensar sobre o que significa o Antropoceno é necessário, em primeiro plano, evidenciar as complexas relações que conformam a nossa sociedade, os ambientes em que vivemos, nossa economia, política e diversos outros aspectos que se inserem na lógica do capital. O artigo “Quem pode falar do Antropoceno?”, publicado em CH 416, pode ser uma bússola, indicando possíveis direções para uma melhor compreensão das temáticas que circundam o Antropoceno.
Esta atividade pode ser desenvolvida em sequência didática de 4 a 6 tempos de aula, em qualquer uma das três séries do Ensino Médio. Sugere-se que a turma faça previamente a leitura do artigo e busque destacar no texto as diferentes concepções apresentadas sobre o Antropoceno.
Em sala, num primeiro momento, indica-se apresentar à turma a famosa imagem do ministro de Tuvalu discursando com a água até os joelhos (disponível no box “Explore+”), com o intuito de ilustrar o impacto dramático das mudanças climáticas. Em seguida, a partir das percepções visuais, sugere-se questionar os estudantes sobre o que sabem sobre o Antropoceno e a relação entre as atividades humanas e os processos naturais.
Após um momento de escuta de suas percepções, cabe sistematizar num cartaz ou no próprio quadro de giz – a partir do levantamento feito pela própria turma durante a leitura do texto – as diferentes concepções sobre o Antropoceno. Neste momento, cabe discutir como determinadas áreas/grupos se incorporaram do conceito enquanto outras demonstram resistência e negam sua utilização. Seria interessante problematizar juntamente aos estudantes como a resistência ao conceito pode em certa medida alimentar o negacionismo científico, especialmente sobre as mudanças climáticas.
Outra discussão relevante passa pelo fato da mudança na intensidade, volume e nos modos de produção globais, especialmente a partir de 1950, e o quanto essa mudança impactou na emissão de gases, produção de resíduos e aumento do consumo – elementos que demarcam o início do Antropoceno e que reverberam na forma como as mudanças climáticas têm se materializado nos últimos anos. Por fim, é possível também enfatizar que, mesmo sem essa formalização, os impactos das ações humanas são visíveis e documentados em imagens.
Após a conclusão desta primeira etapa, com o foco na promoção de reflexões iniciais, sugere-se que a turma tenha enquanto tarefa de casa trazer uma notícia de jornal ou imagem que traduza o que é o Antropoceno e que estejam relacionadas com a imagem do ministro de Tuvalu apresentada no momento anterior.
No segundo momento da atividade, a turma entregará as imagens e notícias levantadas que serão redistribuídas entre as/os estudantes – organizados em grupos (algumas sugestões estão disponíveis no box “Explore+”). Em seguida, é imprescindível que o docente oriente os grupos a respeito dos objetivos da atividade, estabelecendo como meta geral: identificar e registrar, a partir da observação das imagens e notícias, as mudanças visíveis, como desmatamento, expansão urbana, secas, enchentes, mudanças na vegetação etc.
Indicamos realizar perguntas orientadoras da análise:
Em um terceiro momento, sugerimos que cada grupo apresente suas observações e anotações sobre a análise das imagens e notícias. Em seguida, sugere-se que a turma faça leitura de trechos do livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, e que a turma pense, a partir do texto e das imagens analisadas, em propostas para adiar o fim do mundo. Por fim, seria interessante que a turma organizasse uma síntese da atividade em cartazes ou murais pelo ambiente escolar, destacando os principais aspectos observados assim como a importância de construir práticas que adiem o fim do mundo.
É fundamental que cada grupo elabore legendas sucintas, indicando suas percepções referentes às mudanças na paisagem, os impactos ambientais, os agentes destes impactos, quais os contextos históricos e de que forma se percebem as desigualdades no seu sentido amplo, além de propor práticas coletivas e individuais alternativas para (tentar) adiar o Antropoceno.
Ministro de Tuvalu grava discurso para COP 26 de dentro do mar em protesto contra risco de ilha desaparecer. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-26/noticia/2021/11/06/ministro-de-tuvalu-grava-discurso-para-cop-26-de-dentro-do-mar-em-protesto-contra-risco-de-ilha-desaparecer.ghtml
O que é Antropoceno? | TV Uerj Explica. Disponível em: https://youtu.be/XsEl0Xz5weE?si=l4FRLvar48KYOlkc
O auê do Antropoceno e a importância de dar nome ao que estamos causando ao planeta. Disponível em: https://apublica.org/2024/03/o-aue-do-antropoceno-e-a-importancia-de-dar-nome-ao-que-estamos-causando-ao-planeta/
No combate ao Antropoceno, soluções estão nos mundos indígenas. Disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/no-combate-ao-antropoceno-solucoes-estao-nos-mundos-indigenas/
Em 5 dias, volume de chuvas em Porto Alegre deve superar média de maio das últimas três décadas. Disponível em: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/08/em-5-dias-volume-de-chuvas-em-porto-alegre-deve-superar-media-de-maio-das-ultimas-tres-decadas.ghtml
Desmatamento no Matopiba já derrubou 494 mil hectares de Cerrado desde janeiro. Disponível em: https://ipam.org.br/desmatamento-no-matopiba-ja-derrubou-494-mil-hectares-de-cerrado-desde-janeiro/
Amazônia tem ar mais poluído do Brasil devido a queimadas recordes, diz IPAM. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/norte/amazonia-tem-ar-mais-poluido-do-brasil-devido-a-queimadas-recordes-diz-ipam/