Cada aparelho de smartphone traz consigo uma Tabela Periódica e a sedução de estarmos ligados a ele o dia inteiro, sejamos adultos, adolescentes ou crianças. Nosso querido aparelho esconde duas vilanias: impacta demais o meio ambiente e pode trazer problemas de saúde mental. Problematizar o smartphone é a proposta do texto “Seu celular (desligado) é uma aula de química”, de Raoni Schroeder, publicado na edição 418 da Ciência Hoje. 

Um terceiro viés também poderia ser acrescentado: o interesse na exploração das “terras raras”, abundantes em certos países, que são a fonte de muitos dos metais necessários à produção dos telefones celulares atuais. Nossa dica destaca as configurações eletrônicas desses metais e uma discussão sobre meio ambiente e saúde.

A Tabela Periódica pode ser dividida nos blocos s, p, d e f, que estão relacionados à última subcamada ocupada na distribuição eletrônica dos elementos químicos em seu estado fundamental. Os elementos químicos do grupo das “terras raras” citados no texto pertencem ao bloco d (escândio e ítrio) e ao bloco f (lantanídeos). Ambos os blocos são de metais de transição externa e interna, respectivamente. A dica de química é aproveitar o grande número de metais necessários para a fabricação de celulares do tipo smartphone citados no texto da CH 418 e conduzir a aula em três pontos principais: o consumismo, a distribuição eletrônica de metais de transição e a saúde humana.

O professor pode começar a aula propondo a leitura da coluna mencionada e promover uma discussão acerca dos impactos negativos da mineração de diversos metais para a produção de telefones celulares. Isto não é mostrado nas propagandas que incentivam intensamente a aquisição de modelos cada vez mais modernos por parte dos consumidores. E o que fazer com os celulares descartados? Pensar sobre o consumismo é essencial para conscientizar os estudantes em relação às nossas reais necessidades de consumo e as consequências de nossas atitudes.

Num segundo momento, é hora de desenvolver as habilidades dos estudantes quanto à capacidade de efetuarem a distribuição eletrônica dos elementos de transição, aqueles que possuem os subníveis d e f como os últimos a serem preenchidos, segundo o princípio da construção. A configuração eletrônica do escândio (21Sc) é: 1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁶ 3d¹ 4s² ou [Ar] 3d¹4s². Nota-se que que o subnível mais externo é 4s², porém, o último subnível a ser preenchido é 3d¹. Pela distribuição eletrônica, infere-se que o Sc pertence ao bloco d, ao 4º período e ao grupo 3. Este exercício pode ser proposto para mais alguns dos elementos citados no texto.

Não menos importante é abrir a discussão acerca da proibição do uso dos celulares nas escolas. O uso excessivo de telas pode ser danoso à saúde mental dos estudantes da educação básica por aumentar a ansiedade, diminuir o foco nos estudos, expor os estudantes ao cyberbullying e propiciar o acesso a conteúdos inadequados. Mas é fundamental dar espaço para o ponto de vista dos estudantes e, sobretudo, observar as mudanças com a retirada do celular da sala de aula.