Salve a Amazônia com um clique

Uma ferramenta de busca na internet que ajuda a preservar a Amazônia brasileira foi criada por uma organização social de interesse público alemã, a Ecosia. Cerca de 80% da arrecadação obtida com anúncios no buscador é doada para projetos de conservação de florestas tropicais.

O novo mecanismo de busca utiliza tecnologias semelhantes às dos portais Yahoo e Bing, que apresentam, junto com os resultados da pesquisa, links patrocinados (espécie de anúncio virtual em que o endereço da página anunciada aparece em destaque na busca).

“Graças a links patrocinados, as ferramentas de busca ganham bilhões por ano”, disse à CH On-line o alemão Christian Kroll, fundador da Ecosia. “Decidimos investir boa parte de nossos lucros com finalidade ecológica.”

Morador do Parque Nacional do Juruena
Parte dos recursos doados pela Ecosia destina-se à educação de moradores do Parque Nacional do Juruena, que aprendem a usá-lo de modo sustentável. Na foto, habitante da região extrai látex de uma seringueira para comercialização. (foto WWF-Brasil/ Adriano Gambarini)

Em 2010, as doações, que ultrapassaram 130 mil euros, foram empregadas na preservação do Parque Nacional do Juruena, localizado entre o norte do Mato Grosso e o sul do Amazonas. Com 1,9 milhão de hectares, é o terceiro maior parque do Brasil, atrás apenas do Parque Nacional do Jaú (2,3 milhões de hectares) e do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (3,9 milhões de hectares).

“A Ecosia facilitou a vida de quem deseja ser mais ativo na proteção da natureza”, afirma Kroll. Se apenas 1% dos usuários da internet aderir à iniciativa da Ecosia, uma área equivalente ao território da Suíça (aproximadamente 41 mil km2) pode ser salva por ano.

Confira o vídeo promocional da Ecosia (em inglês):

Diferente de serviços similares, o novo buscador ainda emprega fontes renováveis de energia para alimentar seus servidores. O físico estadunidense Alex Wissner-Gross, da Universidade Harvard (EUA), calcula que uma única pesquisa feita no Google equivale a deixar uma lâmpada incandescente acesa por cerca de uma hora.

Com o objetivo de incentivar o uso da ferramenta, a Ecosia procurou agregar uma vantagem para aqueles que se preocupam com privacidade. Enquanto mecanismos de busca tradicionais armazenam dados de usuários por vários meses, o sistema da Ecosia apaga essas informações dentro de um período máximo de 48 horas.

De olho na Amazônia

O parque do Juruena, que recebeu as doações de 2010 da Ecosia, é lar de espécies que correm risco de extinção, como a onça-pintada, o gavião-real e o peixe-boi, e funciona como barreira ao avanço do desmatamento em direção à Amazônia Central. Sua criação, em 2006, fez parte da meta de atingir 50 milhões de hectares protegidos do projeto Áreas Protegidas da Amazônia.

Confira galeria de fotos do parque, de sua biodiversidade e do uso sustentável que o homem faz dos recursos naturais.

 

Sumaúma ou mafumeira
Sumaúma ou mafumeira (‘Ceiba pentandra’), uma das espécies mais exuberantes do Parque Nacional do Juruena. Alguns exemplares atingem 90 m de altura, o que torna a árvore uma das maiores da flora mundial. (foto WWF-Brasil/ Adriano Gambarini)

O especialista em florestas da WWF-Alemanha e diretor técnico do parque do Juruena, Roberto Maldonado, conta que o braço alemão da ONG investe 500 mil euros por ano na área. Boa parte dos recursos destina-se a criar alternativas que impeçam ações predatórias no parque, destacando-se a educação de moradores, que aprendem a usá-lo de modo sustentável. “O valor doado pela Ecosia vem somar mais esforços pela preservação da floresta”, afirma Maldonado.

A Ecosia não é a primeira a inserir o princípio do ‘ambientalmente correto’ em uma ferramenta de busca. O EcoSearch e o GoodSearch, por exemplo,  também doam diferentes quantias para projetos ambientais. Já o Green Maven e o EcoSeek, a partir de um termo de pesquisa, apontam apenas para páginas ecologicamente corretas.  No Brasil, o eco4planet se propõe a plantar uma árvore para cada 50 mil acessos registrados.

O fundador da Ecosia acredita que o novo modelo de ferramenta de busca tem potencial para se tornar a maior fonte de recursos para projetos ambientais. A partir de 2011, as doações da instituição serão revertidas para outro parque brasileiro: o do Tumucumaque, que abriga mais da metade das espécies de pássaros da Amazônia brasileira.


Luan Galani
Especial para a CH On-line / PR