Tamanho do bebê afeta risco de câncer de mama

Quanto maior o tamanho do bebê ao nascer, maior o risco de ele desenvolver câncer de mama no futuro. É o que revela um estudo inglês publicado esta semana na revista PLoS Medicine. Segundo a pesquisa, tanto o comprimento e o peso do recém-nascido quanto a circunferência de sua cabeça têm uma relação estatística com a incidência de surgimento posterior da doença.

Os resultados mostram que, a cada meio quilo ou dois centímetros a mais de comprimento no nascimento, o risco de a criança desenvolver a doença na vida adulta aumenta em 6%; a cada 1,5 centímetro a mais na circunferência da cabeça, esse risco aumenta em 9%. Quando os fatores ocorrem simultaneamente, o comprimento é o mais influente: a cada dois centímetros, há um aumento de 9% no risco de surgimento de câncer de mama.

“É possível que os níveis de hormônios da mãe durante a gravidez afetem tanto o tamanho do bebê quanto o desenvolvimento fetal da glândula mamária. Com isso, podem fazer com que suas células sejam mais suscetíveis a sofrer uma transformação maligna mais tarde”, diz à CH On-line a líder da pesquisa Isabel dos Santos Silva, professora de epidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

“Além disso, a exposição do útero a hormônios provavelmente afeta o número de linhagens de células mamárias. A maior combinação entre elas aumenta a probabilidade de que uma delas se torne maligna”, complementa.

Revisão da literatura
Os pesquisadores fizeram uma revisão dos dados de 32 estudos que investigaram ao menos uma das medidas de tamanho observadas (peso, comprimento e circunferência da cabeça). Foram analisados cerca de 22 mil casos de câncer de mama em um total de 600 mil mulheres.

Os efeitos do tamanho do bebê sobre o desenvolvimento de tumores mostraram-se independentes de outros fatores de risco na vida adulta, como a idade da mãe ao ter o primeiro bebê ou o uso de terapia hormonal para combater os efeitos da menopausa.

Silva ressalta que outras pesquisas ainda precisam ser feitas para explicar essa associação entre o tamanho do bebê e o risco de câncer de mama, que não pode ser qualificada ainda como direta ou indireta. “Não sabemos ainda os mecanismos exatos existentes na associação entre o tamanho no nascimento e o câncer de mama. Esses devem ser os próximos passos da pesquisa.”

Tatiane Leal
Ciência Hoje On-line
01/10/2008