Telefonar não é a melhor solução

Ao contrário do que pensava o ET de Steven Spielberg, usar o telefone não é o melhor meio de se comunicar com sua casa: enviar uma mensagem escrita pode ser muito mais eficaz. Isso é o que sugere um estudo coordenado por Christopher Rose, da Universidade Rutgers (EUA). Ele realizou cálculos matemáticos que mostram, pela primeira vez, que informações inscritas em suporte material seriam mais eficientes para comunicações extraterrestres do que recados enviados em ondas eletromagnéticas.

No cartum acima, ETs enviam à Terra mensagens com inscrições como “Alô, você!” e “Saudações terráqueas!”, junto com fórmulas físicas (crédito: Caroline Angelo)

“As mensagens enviadas em meio material podem armazenar muita informação em pouco espaço”, afirma Rose à CH On-line . Além disso, elas são muito mais eficazes do ponto de vista energético. “As ondas eletromagnéticas perdem intensidade com a distância e demandam mais energia.” As conclusões foram publicadas na revista Nature em 2 de setembro.

As ondas usadas atualmente para comunicação podem perder dados no caminho. “Quanto mais longe o destino, mais difícil a compreensão da mensagem”, explica Rose. Para a informação ser recebida, o receptor precisa estar atento no exato momento da chegada das ondas, caso contrário não há como recuperá-la. Já as mensagens materiais permaneceriam no local do pouso de uma nave, o que aumenta a probabilidade de, posteriormente, serem encontradas e decifradas.

O envio de ‘mensagens materiais’ é ideal para textos longos. “As mensagens precisam ser protegidas da radiação cósmica. As partículas energéticas do espaço podem colidir com o artefato e danificar a mensagem”, adverte Rose.

A desvantagem desse processo é que as mensagens podem demorar muito para serem recebidas. “Se o emissor não está preocupado em alcançar o receptor e receber uma resposta durante sua própria vida, gravar as mensagens e enviá-las é o caminho”, diz Rose.

Atualmente, o projeto Seti — Busca por Inteligência Extraterrestre, na sigla em inglês — utiliza radiotelescópios para monitorar eventuais mensagens alienígenas em ondas eletromagnéticas captadas na Terra. O astrônomo Woodruff Sullivan, da Universidade de Washington, defende que outras maneiras de busca sejam usadas, mas argumenta que escolher o meio de envio da mensagem em função da quantidade de energia dispensada por bit pode não ser o melhor critério. Além disso, ele ressalta que não há garantia que os pacotes sejam abertos e compreendidos.

 

Os desenhos acima foram inscritos em uma placa embarcada na lateral da nave espacial Pioneer F. (crédito: Nasa-HQ-Grin)

Um meio de levar as mensagens em suporte material é de carona com naves espaciais. “A nave espacial Voyager, da agência espacial norte-americana (Nasa), prendeu um disco cheio de informação junto à sua estrutura”, conta Rose. A nave Pioneer F., também da Nasa, traz em sua lateral uma placa com uma mensagem inscrita.

 

Rose acredita que as mensagens extraterrestres podem estar bem mais próximas do que imaginamos. Segundo ele, as comunicações podem ser desde texto a materiais orgânicos entalhados em um asteróide ou na cratera feita por esse asteróide ao se chocar com a Terra. Na dúvida, esteja mais atento de agora em diante a objetos estranhos que aparecerem em seu quintal…

Eliana Pegorim
Ciência Hoje On-line
01/09/04