Tinta anticorrosiva ganha patente internacional

 

Tubulação niobizada pela tinta criada na Coppe/UFRJ. O equipamento, instalado em uma indústria química, atua como trocador de calor.

Uma tinta anticorrosiva acaba de ser patenteada internacionalmente pelo Instituto de Pós Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Coppe/UFRJ). O revestimento à base de nióbio promete ser uma alternativa barata e eficaz ao aço inoxidável, tecnologia mais usada contra corrosões em equipamentos industriais.

O metal nióbio já era conhecido pelos estudiosos como um elemento extremamente estável, que se dissolve ou muda de estado físico apenas em ambientes extremos. Essas propriedades o caracterizam como um excelente revestimento contra corrosões, já que protege o material onde a tinta é aplicada contra processos corrosivos. Além disso, o Brasil é um dos maiores exportadores do nióbio no mundo, com reservas que garantem até 300 anos de abastecimento do metal.

“Em nossas experiências em laboratório praticamente não houve corrosão em ambientes altamente corrosíveis como vapores ricos em enxofre e ácidos naftênicos oriundos de petróleos pesados”, afirma o engenheiro Luiz Roberto Miranda, coordenador da pesquisa. “O revestimento do nióbio atua como uma barreira e impossibilita que os agentes corrosivos atinjam a o aço, por exemplo, das estruturas dos equipamentos industriais”.

A tinta será útil para todos os tipos de indústria que manipulam gases corrosivos, substâncias submetidas a altas temperaturas ou reagentes químicos. Isso inclui as petroquímicas e termoquímicas que, com o uso da técnica de niobização – aplicação da tinta de nióbio –, poderiam reduzir sensivelmente os custos com equipamentos.

Atualmente, a tecnologia usada é o aço inoxidável, que pode custar até 100 vezes mais do que o aço normal. Com esse novo recurso, equipamentos em aço comum podem ser revestidos com a nova tinta, que tem se mostrado mais eficaz do que o próprio aço inoxidável. Além de baratear sua produção, o uso da niobização facilitará o trabalho dos engenheiros, já que o aço comum é mais maleável para reparos e soldas do que o inoxidável.

Patente internacional  

Laboratório de Corrosão da Coppe/UFRJ, onde foi desenvolvida a nova tinta (fotos: Coppe).

Enviada a escritórios internacionais em 2003, a patente foi concedida à Coppe, e como inventores o professor Miranda e a empresa Ecoprotec – colaboradora nas pesquisas e na aplicação industrial da nova técnica – em janeiro deste ano. Esta é a primeira patente internacional que o instituto consegue aprovar, das mais de 72 já solicitadas.

“Deveria ser uma rotina para nós pesquisadores conseguir patentes internacionais”, afirma Miranda. “Nos países mais desenvolvidos como Japão e Estados Unidos, essa aplicação da pesquisa científica no mundo produtivo é corriqueira. Sem dúvida, é uma vitória para os cientistas brasileiros”. O pesquisador espera que até o fim do ano surjam empresas interessadas em fabricar e comercializar a nova tinta.

Um pedido de patente internacional foi solicitado para outras duas técnicas para revestimentos à base de nióbio desenvolvidas pela Coppe. Uma delas é a aspersão, que aplica o pó do óxido de nióbio em alta temperatura numa espécie de spray; a outra técnica consiste na fabricação de chapas de aço pré-niobizadas. 

Rosa Maria Mattos
Ciência Hoje On-line
17/05/2006