Comprimidos que servem como perfume. Um dispositivo que grava conversas telefônicas no computador. Um curativo à base de látex para úlceras crônicas. Essas são algumas das novidades lançadas no mercado que valeram a seus criadores o Prêmio Finep 2005 de Inovação Tecnológica, na etapa nacional em diversas categorias.
Criado em 1998, o prêmio – promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia – visa estimular a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em empresas, universidades e outras instituições. Neste ano, 679 inscrições foram realizadas em todo país e 29 empresas participaram da etapa nacional. Em dezembro, os vencedores receberam o prêmio do presidente Lula em Brasília e apresentaram seus projetos em cerimônia na sede da Finep, no Rio de Janeiro.
Gravador de conversas telefônicas
Gravador de conversas telefônicas acoplável ao computador desenvolvido pela Pctel.
Na categoria pequena empresa, a vencedora foi a PCTel, de Goiás. Com apenas um funcionário e dois sócios, ela foi criada na incubadora do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Goiás há quase quatro anos, para desenvolver equipamentos para segurança de informação eletrônica. Hoje, já conta com 19 funcionários.
Em uma combinação de alta tecnologia e baixo preço, a Pctel ganhou o mercado com seu produto mais importante: o Megatécnica – um gravador de conversas telefônicas que funciona acoplado ao computador. Em formato MP3 ou wave , o computador registra e armazena a conversa com data, hora, tempo de duração e número chamado, o que facilita o envio da gravação por e-mail.
A empresa pretende continuar a investir nesse filão. A Pctel está desenvolvendo um gravador que permitirá registrar conversas feitas com a tecnologia de voz sobre IP, que usa a conexão da internet para a transmissão de áudio e vídeo, por meio de programas como o Skype. “Nosso gravador será o primeiro do mundo do gênero”, afirmou Alexandre Costa, diretor da empresa, durante a apresentação dos premiados na sede da Finep.
Cápsulas de perfume
Vencedor da categoria Instituição de Ciência e Tecnologia, o Padetec (Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará) funciona como incubadora de empresas que lançam produtos inovadores no mercado desde 1991. Um deles é a cápsula de óleos que dispensa o uso de perfumes e desodorantes: a essência é extraída de plantas nativas da região e depois encapsulada em quitosana – uma fibra natural obtida a partir de carapaças de crustáceos. Quando ingerida, a cápsula, depois de rompida no estômago, aromatiza todo o corpo por longo tempo.
Cápsulas de perfume (esq.) e água de coco em pó estão entre os produtos desenvolvidos pelo Padetec.
“O que é mais importante para o Padetec, além de criar novos produtos e lançar empresas, é a transferência de tecnologia, ou seja, desenvolver novas tecnologias para serem repassadas a vários países”, afirma o superintendente geral, Afrânio Aragão.
Além da cápsula, o parque desenvolveu outros produtos como água de coco em pó e o fotosensor (pardal eletrônico) usado em várias cidades brasileiras para o controle de velocidade de carros. Mas a novidade do Padetec é o projeto em andamento para remover manchas de derramamento de óleo que utiliza bactérias não patogênicas que se “alimentam” de petróleo.
Curativo à base de látex
A empresa Pele Nova S.A, que levou a menção honrosa na categoria Produto, é a pioneira em comercializar um curativo à base de látex para acabar com úlceras crônicas em geral. Capaz de acelerar a cicatrização por induzir a formação de novos vasos sanguíneos, o Biocure é o resultado das pesquisas realizadas pelos médicos brasileiros Fátima Mrué e Joaquim Coutinho Netto.
“Receber esse prêmio é uma surpresa agradável por saber que, diante de mais de 300 produtos concorrendo, ficamos entre os dois finalistas”, diz Marcos Silveira, diretor da Pele Nova. “É o reconhecimento de um trabalho de dez anos que, além de ser uma inovação na indústria farmacêutica nacional, tem um impacto social importante, pois seu preço é muito inferior ao de produtos semelhantes no mercado.“
São muitos os benefícios do prêmio para as empresas e instituições ganhadoras. “Essa iniciativa é um incentivo principalmente para a indústria farmacêutica nacional, que tem um custo operacional elevado e, mesmo assim, mostra que o Brasil é capaz de gerar conhecimento e aplicar de forma prática suas invenções”, ressalta Marcos Silveira, da Pele Nova. “Além de estimular os nossos pesquisadores, esse reconhecimento atrai mais empresários interessados em iniciar suas pequenas e médias empresas no parque de desenvolvimento tecnológico”, completa Afrânio Aragão, do Padetec.
Mais informações sobre o prêmio podem ser obtidas no
site da Finep .
Mário Cesar Filho
Ciência Hoje On-line
21/12/2005