Uma paisagem privilegiada

A foto acima registra dois fenômenos interessantes: o impacto de um asteróide na superfície da Terra (parte inferior) e uma < aurora sobre o Canadá (luz verde) Clique na imagem para ampliá-la

Auroras, impactos de asteróides na superfície da Terra, meteoros que se desintegram em nossa atmosfera, estrelas praticamente ao alcance das mãos. Poucos podem apreciar essa paisagem de perto, mas os felizardos não poupam elogios. “Há sempre algo de bom para ver da janela da Estação Espacial Internacional (ISS)”, diz o astronauta Don Pettit. Tais imagens, no entanto, também estão acessíveis aos internautas: recentemente, uma série delas foi disponibilizada na rede.

É possível testemunhar a passagem do furacão Lili pelos Estados Unidos em 2002, ver fotos de cidades como Atenas e Paris ou até as dunas na costa do Rio Grande do Sul. Além de maravilhar quem as vê, as fotos tiradas do espaço são de grande importância para a ciência. Elas podem ser usadas, por exemplo, para mapeamento geológico ou atualização de mapas já existentes, além de complementarem as imagens meteorológicas de satélites.

 

Passagem do furacão Lili pela costa dos estados de Texas e Louisiana, nos Estados Unidos, em 2002 (fotos: Earth Sciences and Image Analysis / Nasa-Johnson Space Center). Clique na imagem para ampliá-la

A prática de fotografar o planeta ‘do alto’ já existe há mais de 30 anos. Só os astronautas da agência espacial norte-americana (Nasa) já obtiveram cerca de 400.000 imagens com câmeras Hasselblad, Linhof, Rolleiflex e Nikon. Mas se engana quem pensa que a tarefa é fácil. Para tirar fotos de luzes acesas à noite em uma cidade, por exemplo, Pettit teve que adaptar sua máquina. Segundo ele, as luzes na superfície da Terra ‘piscam’ tão rápido se vistas da janela da ISS que o resultado das fotos era uma grande mancha.

Fotografar estrelas, no entanto, parece mais simples. No espaço, elas não piscam. O piscar que vemos da Terra é causado por irregularidades na atmosfera do planeta, que refratam a luz das estrelas. Como em órbita não há atmosfera, o brilho das estrelas é fixo, penetrante e sem muito movimento. “Não acredito que a ISS foi concebida para a astronomia”, brinca Pettit em texto no site da Nasa. “Ela funciona muito bem como uma plataforma para a astrofotografia.”

A Nasa criou um site que disponibiliza todos os dias uma nova foto tirada por Pettit e outros tripulantes da ISS. Confira abaixo algumas dessas imagens (clique nelas para ampliá-las).

Rio Sena e região metropolitana de Paris (França) Dunas de areia na costa do Rio Grande do Sul Grande tempestade tropical em Bangladesh Acrópole e outras ruínas de Atenas (Grécia)

Elisa Martins
Ciência Hoje on-line
07/04/03

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