Velha ou nova?

Além de musa dos apaixonados, a Lua é também recorrente objeto de estudo da ciência. A mais nova descoberta sobre o satélite, publicada hoje (17/8) no site da Nature por pesquisadores dos Estados Unidos e da França, põe em xeque o que se sabia até aqui sobre a sua história e sugere que ou ela é 200 milhões de anos mais nova do que se pensava ou as teorias mais acreditadas sobre sua formação estão erradas.

São várias as teorias para origem da Lua. Algumas afirmam que ela teria se formado a partir de um pedaço da Terra ejetado para o espaço durante uma colisão com outro astro. Outras supõem que esse impacto teria originado duas luas, que mais tarde se fundiram em uma só. 

Apesar das diferenças, a maioria das teorias defende que essa massa inicial seria coberta por um oceano de magma, que teria se resfriado e formado a crosta lunar há 4.527 milhões de anos. 

No entanto, uma análise aprofundada – por datação isotópica – de rochas do tipo anortosito ferroso, consideradas as mais antigas da Lua e coletadas pelas missões Apolo 11 e 16 nessa camada de antigo magma, revelou uma idade de 4.360 milhões de anos, inferior a estimada anteriormente e milhões de anos mais nova que o Sistema Solar.  

Anortosito ferroso
Amostra da rocha lunar anortosito ferroso, coletada pela missão Apollo 16 e analisada pelos pesquisadores. (foto: Jeff Kubina/ Flickr – CC BY-SA 2.0)

A diferença de idade apontada pela análise deu margem a uma série de questionamentos na comunidade científica. Alguns pesquisadores desconfiam que as teorias mais aceitas sobre a formação da Lua podem simplesmente estar erradas.

“A idade extraordinariamente nova dessas rochas significa que a Lua se solidificou bem depois do que se estimava ou então que ela não foi formada por um oceano de magma”, afirma o geoquímico e líder da pesquisa Lars Borg, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos. “Precisaremos mudar todo o nosso entendimento sobre a sua história geológica”, acrescenta.


Outras hipóteses

O pesquisador assume que também existe a possibilidade de que as rochas estudadas não sejam as mais antigas da Lua e diz que vai continuar os experimentos para verificar se o oceano de magma realmente existiu.

“Vamos repetir as medições em outras rochas na tentativa de determinar um intervalo de idade para a crosta lunar e vamos avaliar também as relações temporais entre diferentes tipos de rochas para obter uma imagem mais clara do seu processo de formação”, conta o geoquímico.

A lua é uma testemunha do passado do nosso planeta. Entendê-la é entender a Terra

Segundo Borg, compreender a formação da Lua é fundamental para conhecer a geologia da própria Terra. “A lua é uma testemunha do passado do nosso planeta”, diz. “Entendê-la é entender a Terra, pois os dois astros estão ligados desde o impacto gigante que a formou.”


Sofia Moutinho

Ciência Hoje On-line