Para evitar fraude, a fotocópia de qualquer documento utilizado em um procedimento importante precisa de uma identificação que ateste a legitimidade de suas informações. Textos assinados também precisam, em muitos casos, ter a firma reconhecida em um cartório para ser considerados válidos.
O engenheiro eletricista Robinson Pizzio, da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), sabe que esses procedimentos são necessários, mas avalia que, da forma como são feitos no Brasil, além de burocráticos, não são totalmente seguros. “Uma folha de papel com selo e carimbo de um cartório pode facilmente ser alterada”, afirma.
Pensando nisso, Pizzio desenvolveu um método de autenticação que substitui esses recursos por marcas d’água, que assegurariam a autenticidade tanto de arquivos digitais quanto de documentos impressos. É que o posicionamento da marca em relação ao texto seria calculado com base no conteúdo do documento.
Enquanto um programa de computador de acesso restrito geraria essa marca d’água para o documento, outro aplicativo seria capaz de validar a autenticidade, analisando a posição da marca no papel.
“Mesmo uma declaração certificada digitalmente poderia ser impressa e continuaria a ter sua autenticidade garantida”, explica Pizzio. Nesse caso, a pessoa interessada em confirmar a legitimidade dos dados precisaria apenas digitalizar o documento.
“Caso algum dado seja alterado após a autenticação, o software apontará a fraude”, diz. Sem o conhecimento da fórmula que calcula a posição da marca d’água, o fraudador não seria capaz de alterá-la de acordo com a mudança nos dados.
Com o sistema de validação disponível via internet, o novo método ainda livraria o usuário de ter de comparecer ao cartório onde uma folha de papel teria supostamente sido autenticada. “Hoje, essa é a única forma de conferir se o documento realmente partiu daquele tabelionato.”
Usos diversos
O sistema proposto pelo engenheiro da Unisul ainda poderia ser usado em outras circunstâncias, como em comunicados internos de empresas e documentos de identificação cadastral – carteirinhas de estudante, por exemplo.
A marca d’água, que sairia impressa de forma visível em documentos autenticados, pode ser de qualquer formato, explica o engenheiro. A melhor sugestão seria usar uma logomarca, que, além de servir como mecanismo de autenticação, identificaria a instituição responsável por aquele conteúdo.
Todos os experimentos já realizados foram bem-sucedidos. Agora o engenheiro pretende testar a validação de documentos com manchas e rasuras para verificar até que ponto o sistema ainda funcionaria.
A metodologia desenvolvida por Pizzio foi publicada recentemente no livro Watermarking, especializado em pesquisas relacionadas com marcas d’água. O pesquisador explica que o método ainda está em fase de desenvolvimento, sem previsão de ser implantado comercialmente.
Célio Yano
Ciência Hoje On-line/ PR