(Foto: Manoel Silva/ SXC).

Os sons produzidos pelos animais podem parecer sempre iguais aos ouvidos da maioria das pessoas, mas criadores experientes conseguem identificar se um piado ou um grunhido expressa algum tipo de desconforto. Agora, uma equipe da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um programa de computador capaz de identificar os sons produzidos por animais, como aves, suínos e bovinos, e interpretar se exprimem fome, frio ou estresse. O mecanismo visa contribuir para melhorar o bem-estar desses animais em cativeiro.

O sistema é composto por um microfone ligado a um computador. Um programa compara os sons captados com uma base de dados e identifica as condições de conforto dos animais e seu nível de estresse. A pesquisa foi desenvolvida pelas engenheiras Irenilza de Alencar Naas e Daniella Jorge de Moura, da Feagri, e pelo mestrando Wagner Tomé Silva. De acordo com Moura, o sistema é uma forma mais segura e precisa para analisar a vocalização animal.

“O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne, e os países compradores cada vez mais questionam a forma como ela é produzida no país. Os importadores exigem certificados de bem-estar animal durante o sistema de produção”, explica Moura. “Não basta conseguir uma boa produtividade, é preciso também garantir que os animais não tenham passado sede, fome, calor, frio, dor ou medo. O equipamento também poderá ser utilizado em linhas de abate para avaliar o sofrimento dos animais.”

Segundo a engenheira, uma das vantagens é que o método não é invasivo, pois não requer contato com os animais. A aproximação de pessoas pode fazer com que o animal se assuste, fique nervoso ou irritado, o que pode dificultar a avaliação de seu bem-estar.

Os testes realizados com o programa confirmaram algumas características dos sons de animais que já haviam sido percebidas por alguns produtores. Os pintinhos costumam piar mais quando estão com frio, possivelmente chamando pela mãe, o que pode indicar que o aquecimento do galpão não está adequado. Os pesquisadores identificaram também o chamado das porcas aos leitões, para que venham mamar.

“Em nossas pesquisas descobrimos ainda que as vacas leiteiras produzem sons diferentes quando estão no cio. Esse sistema poderá ser utilizado pelos criadores para identificar o período fértil dos animais com mais precisão”, afirma Moura.

Igor Waltz
Ciência Hoje/RJ

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