Pergunta enviada por Mateus Luiz Simões, de Goiânia/GO, por correio eletrônico.
Trata-se de uma herança da presença romana naquele território no início da nossa era. Como sabemos, os romanos tinham o rio Danúbio como um dos limites de seu império e, por isso, raramente o cruzaram.
No entanto, em razão de contínuos conflitos com os dácios – povo que habitava boa parte do território da atual Romênia ao norte do Danúbio –, o imperador Trajano invadiu e ocupou a Dácia em 107 d.C., tornando-a uma província do Império Romano.
Em 275 d.C., as tropas romanas se retiraram da região. A população romanizada, contudo, manteve sua identidade étnica, cultural e linguística, especialmente por ter se fixado nas áreas mais montanhosas.
Dali se espalhou posteriormente pelas planícies, consolidando atividades econômicas estáveis e chegando a constituir, no século 13, unidades político-feudais autônomas, o que continuou a favorecer a manutenção da língua de origem latina.
Os primeiros textos escritos em romeno só apareceram no século 16. Utilizava-se, à época, o alfabeto cirílico. Apenas em meados do século 19, quando se constituiu politicamente a atual Romênia, é que o alfabeto latino foi adotado.
Em razão de contínuos contatos com populações falantes de línguas eslavas, o romeno incorporou um número expressivo de palavras dessas línguas (algo em torno de 20% do total). A maior parte do seu vocabulário é, no entanto, de origem latina, seja por herança direta, seja pela absorção, a partir do século 19, de palavras do francês e do italiano.
Por fim, vale lembrar que as características morfológicas e sintáticas do romeno são claramente de origem latina.
Carlos Alberto Faraco
Departamento de Linguística
Universidade Federal do Paraná
Texto originalmente publicado na CH 281 (maio de 2011).