Uma mamadeira subaquática está ajudando a conservar diferentes espécies de peixes-bois. Feita de materiais atóxicos, a mamadeira tem a grande vantagem de eliminar o contato do animal com o tratador, o que, além de diminuir a incidência de doenças, garante um comportamento menos dócil com o ser humano – a grande arma dos caçadores de peixes-bois.

A mamadeira subaquática é criação de Augusto Bôaviagem. Estudante de medicina veterinária na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Bôaviagem desenvolveu o instrumento durante seu estágio no Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em Tefé (AM).

Mamadeira para peixe-boi
O diferencial da mamadeira é a haste por onde o tratador a direciona até o peixe-boi. (foto: Augusto Rodrigues/ Mamirauá)

Ele conta que o diferencial da mamadeira é a haste por onde o tratador a direciona até o animal. “Com o uso da mamadeira subaquática, os animais não conseguem ver o tratador, o que favorece o comportamento arredio à presença humana, um fator bastante desejável, pois depois de soltos os animais tendem ao afastamento da civilização, dificultando a caça.”

O primeiro importante teste para a mamadeira subaquática foi alimentar um animal já acostumado com as mamadeiras comuns. “Esse animal foi alimentado por três anos com a mamadeira convencional e criou uma relação de afeto com os tratadores, o que fez do desmame um obstáculo severo. Com o passar do tempo ele ficava cada vez mais dócil”, conta Bôaviagem.

A mamadeira subaquática passou com nota 10: o animal deixou de se aproximar dos humanos e em exatos cinco meses após o início dos testes estava desmamado. 

A mamadeira subaquática passou com nota 10 no primeiro teste

O sucesso foi tanto que a mamadeira subaquática está hoje em uso nos dois principais centros de preservação de peixes-bois do Brasil – o Projeto Peixe-boi Amazônico, de Mamirauá, e o Projeto Peixe-boi Marinho, desenvolvido em Pernambuco pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Mariana Ferraz
Ciência Hoje/ AM

Texto originalmente publicado na CH 285 (setembro de 2011).

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