O que acontece quando soluçamos?

O soluço caracteriza-se por um espasmo repentino e involuntário do diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen, tem papel fundamental na respiração e está conectado ao nervo frênico. O soluço acarreta uma inspiração rápida e curta, que altera o ciclo respiratório. Seu ruído decorre do fechamento súbito da glote, que produz vibração nas cordas vocais. Normalmente, o soluço é assintomático, mas pode provocar desconforto. Desaparece espontaneamente, na maioria das vezes em alguns minutos.
 
O soluço é causado por qualquer irritação do nervo frênico ou do diafragma, o que acontece em várias situações do dia-a-dia: distensão gástrica pela ingestão de bebidas com gás, deglutição de ar ou alimentação em grande volume; mudanças súbitas da temperatura de alimentos ingeridos; modificações da temperatura corporal (como sauna seguida de ducha gelada); ingestão de bebidas alcoólicas; ou até mesmo gargalhadas. Quando as crianças comem rapidamente, por exemplo, algumas vezes engolem ar. Nesse caso, o ar engolido, sem ter para onde ir, pode sair na forma de soluços. Entretanto, o soluço pode ser persistente ou recorrente, o que pode estar relacionado a: acidente vascular cerebral, tumor cerebral, insuficiência renal devido ao aumento da tireóide, esofagite, pneumonia, tumores de cabeça, pescoço ou abdômen, hepatite ou pancreatite. A anestesia geral também pode acarretar soluço.
Geralmente, os quadros agudos e benignos de soluço podem ser resolvidos com algumas manobras, como puxar a língua para fora, ingerir uma colher de açúcar, pão seco ou gelo triturado, prender a respiração, beber um copo de água fria, assoar o nariz, dobrar as pernas sobre o abdômen, respirar em um saco de papel e fazer gargarejo com água. O alívio da distensão abdominal por eructação (arroto) também melhora o soluço. Quando o soluço é de tal intensidade que faz o indivíduo procurar assistência médica, geralmente já está presente há pelo menos várias horas ou dias. O tratamento deve ser direcionado às suas causas, descobertas a partir de vários exames (neurológico detalhado, de sangue e radiológico).

Patrícia Rieken Macedo Rocco
Laboratório de Investigação Pulmonar,
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

 

 

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