Com a recuperação da Casa Rosada, pesquisadores estão preservando a memória da mais antiga formação urbana da Amazônia (foto: Flávio Nassar).

Muitos paraenses não sabem, mas a cidade de Belém abriga um sítio arqueológico de imenso valor histórico chamado Casa Rosada. Na restauração da casa, uma construção do século 18 do arquiteto italiano Antonio José Landi, arqueólogos já desenterraram mais de 1.500 objetos de origem indígena e portuguesa, como moedas, pedaços de porcelana e cachimbos. Graças a esse e outros trabalhos de revitalização dos edifícios de época, em Belém, os pesquisadores estão preservando a memória da Cidade Velha, a mais antiga formação urbana da Amazônia.

O projeto de recuperação da Casa Rosada é uma iniciativa do Fórum Landi, criado com o objetivo de revitalizar as obras do arquiteto. O restauro é financiado pelo grupo Alubar, que adquiriu o sobrado, e pelo programa Monumenta, do Ministério da Cultura. A parceria público-privada conta ainda com o apoio da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Segundo o coordenador do Fórum Landi, Flávio Nassar, a parceria é importante não só para a revitalização da construção, mas também para formação de mão-de-obra especializada. “As escavações são um canteiro-escola para os alunos do curso de restauração da UFPA, permitindo assim, um estudo arqueológico de maior extensão”, diz Nassar.

Já usada como depósito, a Casa Rosada terá um destino mais nobre com a revitalização. As peças encontradas farão parte do acervo de um museu que funcionará dentro da Casa, junto com móveis e roupas de época. De acordo com Nassar, as peças indígenas, por exemplo, foram encontradas em uma camada do solo chamada terra preta dos índios, rica em matéria orgânica, localizada a 1 m de profundidade.

Duas peças desenterradas no sítio arqueológico Casa Rosada: um fragmento de faiança de origem portuguesa séculos 18-19 e uma moeda portuguesa de 1768 (fotos: Geraldo Ramos).

“A Casa Rosada não só foi residência de portugueses, mas seu terreno foi ocupado por índios. A prova está nas amostras de pedaços de gordura animal e vestígios de fogueira no solo”, diz. E antes de virar museu, a Casa estará aberta ao público, que terá a chance de acompanhar as escavações e conhecer um pouco mais sobre a história da cidade.

Com quase três séculos de memória, a Casa Rosada foi erguida na primeira rua de Belém – hoje chamada Siqueira Mendes. Nassar acredita que a construção da Casa ocorreu de maneira gradual, até chegar ao edifício que ganhou as características dadas por Landi, como a fachada, a abóbada e a arte. “A construção começou com uma residência pequena e simples, talvez somente com uma porta e uma janela. Porém, foi crescendo e enobrecendo-se com o passar dos séculos, até chegar ao porte senhorial,” afirma o coordenador do Fórum.

Juliana Marques
Ciência Hoje / RJ

 

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