A Cattleya schilleriana é uma das nove espécies de orquídeas brasileiras ameaçadas de extinção e contempladas pelo projeto Cores. (Foto: Cláudio Nicoletti de Fraga).

As orquídeas ameaçadas de extinção no país acabam de ganhar um aliado para sua conservação. O projeto Cores, uma parceria entre o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, começou os estudos para elaboração de um plano de ação com o objetivo de evitar o desaparecimento de nove espécies de orquídeas brasileiras, todas presentes na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção.

Ao longo de três anos serão recolhidas informações socioambientais, ecológicas, reprodutivas e de distribuição geográfica das plantas em cinco estados brasileiros – Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Com esses dados, os pesquisadores envolvidos poderão definir quais ações são mais adequadas para a conservação de cada espécie.

Cláudio Nicoletti de Fraga, biólogo responsável pelo projeto, afirma que a metodologia para obtenção dos resultados depende de intenso trabalho de campo e de pesquisa nas bases de dados existentes – ambos já em andamento. “Para a avaliação socioambiental, serão entrevistados orquidófilos (amadores), orquidicultores (profissionais), mateiros moradores e proprietários de terras da região estudada. Já para o levantamento de informações acerca da biologia das orquídeas são necessários estudos sobre as populações de cada espécie, os polinizadores envolvidos na reprodução, a dispersão das sementes e sua viabilidade”, explica.

Os resultados da primeira fase da pesquisa vão permitir que se proponham ações, como a criação de novas áreas de conservação, a reintrodução de espécies em locais onde elas já foram extintas e a ampliação da área de distribuição conhecida pela ciência. O projeto prevê também a construção de um laboratório no Orquidário Alexandre Prestes Varela existente no Cenpes/Petrobras, na Cidade Universitária do Rio de Janeiro. Ali serão realizados estudos científicos sobre as espécies, incluindo a tentativa de reproduzi-las em laboratório e posteriormente cultivá- las no orquidário por jardineiros capacitados pelo Programa de Inclusão de Deficientes no Mercado de Trabalho (Proind), para formação de um banco de germoplasma para conservação.

A mais ameaçada
O ‘carro-chefe’ do programa é a Laelia lobata . A espécie é endêmica do Rio de Janeiro, ou seja, não ocorre em nenhum outro lugar do mundo, e habita os paredões rochosos da cidade. Uma das primeiras ações do projeto será a reintrodução da planta nas pedras do Pão de Açúcar, onde não é mais encontrada.

Fraga lembra que a retirada ilegal de orquídeas para venda como plantas ornamentais é uma das principais ameaças a que estão submetidas, e teme que a divulgação dos locais onde elas ocorrem prejudique sua preservação. No entanto, o pesquisador ressalta que as informações prestadas por pessoas de fora do meio acadêmico são essenciais nesse tipo de pesquisa e que o projeto, além de levantar novos dados científicos sobre as espécies, colabora com a valorização do conhecimento popular sobre a natureza.

Mariana Ferraz
Ciência Hoje/RJ

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