Dentre os insetos, as formigas se destacam por serem capazes de produzir uma grande quantidade de diferentes secreções químicas, razão pela qual têm relativamente poucos predadores naturais. No Brasil, as formigas lava-pés ou formigas-de-fogo, do gênero Solenopsis, são notórias por sua agressividade e ferroada dolorida. São pequenas e avermelhadas, morando em montículos arenosos em áreas ensolaradas do solo, atacando ferozmente quem nelas esbarrar.
Além de causarem incômodo e dor em humanos, as formigas lava-pés trazem prejuízos significativos para a agricultura e, em alguns locais, atacam até dispositivos eletrônicos. Nativas da América do Sul, as lava-pés se espalharam por diversos continentes, tornando-se uma séria praga invasora internacional – a espécie mais problemática é a chamada de Red Imported Fire Ant.
O veneno das formigas lava-pés é uma complexa mistura de substâncias químicas que, além de causar dor intensa e inflamação no local da picada, podem desencadear reações alérgicas graves em algumas pessoas. A composição exata desse veneno varia entre as diferentes espécies de formigas lava-pés. Mas, em suma, o veneno contém alcaloides, proteínas e outras substâncias tóxicas.
Os alcaloides dessas formigas são conhecidos como solenopsinas, e são os principais responsáveis pela dor e pela formação de pústulas (bolhas de pus) características após a picada. As proteínas, por sua vez, são as que desencadeiam reações alérgicas, que podem variar desde coceira e inchaço local até choque anafilático – uma reação sistêmica grave que pode ser fatal.
Para as formigas, o veneno tem a função de aumentar a eficiência na alimentação e afastar inimigos em potencial, além de desempenhar importante papel na comunicação social da colônia. Por sua composição única e sua toxicidade, o veneno das lava-pés tem sido alvo de diversos estudos científicos.