1964, os comunistas e a televisão

Curso de Especialização em Literatura Infantil e Juvenil
Faculdade de Letras
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escritora de livros para crianças

Pelos olhos da menina de 5 anos, as ameaças da ditadura militar eram tão terríveis quanto o fim do mundo. Mesmo assim havia uma fresta de esperança

CRÉDITO: ADOBE STOCK

Era março de 1964 quando a menina ouviu dizer que o mundo ia acabar, ainda ia fazer 5 anos. Acho que fazia sol e a mãe estava com um vestido azul. As duas haviam acabado de sair do quartel da Aeronáutica, único lugar onde havia arroz e feijão para vender, quando uma mulher desconhecida deu a notícia: – O mundo vai acabar… “Eles” colocaram muitos sacos de areia na entrada da Ilha, ninguém pode entrar nem sair. Parece guerra!  

A mulher falou baixinho, com medo de que “Eles” pudessem ouvir, mas foi tão enfática que só faltou dizer o dia e a hora em que o mundo acabaria. Depois que ela se foi, a mãe olhou para a filha e disse que era tudo bobagem. Disparou: – O mundo só vai acabar no ano 2000 e ainda falta muito para chegar lá. De mil passará, de dois mil não passará. Está escrito! 

A menina ouviu apavorada.

Em casa, a mãe contou ao pai da filha o que tiveram de enfrentar no quartel: uma fila enorme de mães que falavam muito baixinho. Era proibido falar alto, e cada mãe só podia levar um quilo de arroz e um de feijão.

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