Uma das 26 espécies de carnívoros terrestres do Brasil, o lobo-guará está entre as 11 ameaçadas de extinção (foto: Rogério Cunha de Paula)

Das 26 espécies de carnívoros terrestres que o Brasil possui, 11 estão ameaçadas de extinção devido, principalmente, à destruição de seu hábitat. O problema, apesar de generalizado, é mais evidente na região costeira e sobretudo no cerrado ‐ ambiente que tem sofrido muito com a expansão agrícola. A fim de direcionar os esforços para reverter esse quadro, o Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Predadores Naturais (Cenap), órgão do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e a organização não-governamental Instituto Pró-carnívoros elaboraram o ‘Plano de Ação ‐ Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do Brasil’, lançado em maio do ano passado.

O conteúdo da publicação resultou de um encontro de 100 especialistas nacionais e estrangeiros, promovido pelas duas entidades em maio de 2003, em Atibaia (SP). “O Plano de Ação era necessário não só para direcionar as atividades, como também para aumentar o interesse nessa área e diminuir a redundância dos esforços”, explica o veterinário Ronaldo Morato, técnico em recursos faunísticos do Cenap. O documento sugere quais as principais investigações que devem ser feitas para dar subsídios à conservação. Segundo Morato, as ações são divididas por prioridade (baixa, média, alta) e exeqüibilidade (imediatamente, um a três anos, quatro a 10 anos, mais de 10 anos).
 
As 26 espécies encontradas no país podem ser reunidas em quatro famílias: Felidae (onça, jaguatirica etc.), Canidae (lobo-guará, cachorro-vinagre etc.), Mustelidae (ariranha, lontra etc.) e Procyonidae (quati, mão-pelada etc.). O levantamento da sua distribuição é um dos estudos considerados importantes para iniciativa. “Até hoje não se sabe onde a ariranha ocorre e onde ela já foi extinta”, conta o veterinário.
 
Outra pesquisa de relevância é a da estrutura genética das populações que auxiliaria no planejamento de corredores ambientais, como o do Pantanal-cerrado e o do Cone Sul, que começa no Parque Estadual do Morro do Diabo, no Pontal do Paranapanema (PR) e termina no Parque do Turvo (RS). O plano cita ainda estudos sobre doenças e a formação de bancos de amostras biológicas (sangue, DNA, sêmen etc.) para preservar a informação genética.
O documento foi disponibilizado para a comunidade científica para fins de análise (interessados podem entrar em contato com o Cenap pelo telefone (11) 4411-6744). Morato informa que a idéia é checar periodicamente se as ações estabelecidas no plano estão sendo cumpridas. “Devemos realizar reuniões a cada quatro anos para avaliar o progresso e também para dar sugestões novas, já que as perguntas e prioridades mudam”, conclui o veterinário.

Fred Furtado
Ciência Hoje/RJ

 

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