Faz tempo que o celular deixou de ser só um telefone. Graças a pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Fluminense (UFF) e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o aparelho também vai se tornar uma ferramenta para o diagnóstico da catarata, doença oftalmológica que mais causa cegueira no mundo.
Os cientistas trabalham no desenvolvimento do Catra, aplicativo para celulares do tipo smarthphone, que, usado junto com uma lente especial acoplada à tela do aparelho, detecta a doença em minutos, mesmo em seu estágio inicial.
O teste é simples. O usuário deve olhar através da lente e se concentrar em um ponto verde que aparece na tela. Se o ponto parecer borrado ou intermitente pode ser sinal da doença. A pessoa com visão sadia enxerga o ponto nitidamente, pois a luz emitida pela tela do celular não sofre desvios. No olho com a catarata, os raios de luz têm seu percurso alterado ao passar pelas lesões provocadas pela doença.
Para confirmar o diagnóstico, o ponto luminoso aparece mais de uma vez em diferentes posições na tela e o usuário deve responder aos comandos pedidos pelo programa pressionando certas teclas do celular. Ao final do exame, o aplicativo gera um mapa do olho que identifica o arranjo e o tamanho das possíveis lesões provocadas pela catarata.
“Uma das ideias é levar o diagnóstico para comunidades carentes e locais onde não há oftalmologistas disponíveis”, conta um dos criadores do dispositivo, Vitor Pamplona, doutorando de Ciências da Computação na UFRGS.
O aplicativo já pode ser baixado para o celular pela loja da Apple, mas a lente necessária para o exame ainda não é comercializada. Os pesquisadores já estão atrás de parcerias para criar uma empresa que venda o produto, que será bem mais barato do que os aparelhos tradicionalmente usados em consultórios médicos.
Veja um vídeo (em inglês) que mostra o funcionamento do Catra
Sofia Moutinho
Ciência Hoje/ RJ
Texto originalmente publicado na CH 284 (agosto de 2011).