No Brasil, é proibido o uso de hormônios esteroidais (anabolizantes) em qualquer animal destinado à produção de alimentos. Portanto, a tolerância para resíduos dessas substâncias é zero. Assim, no que diz respeito a hormônios, frangos criados em granja e frangos industrializados são idênticos, visto que nenhum dos dois pode conter tais compostos e ambos são objetos de controle das autoridades sanitárias.
Os ministérios da Agricultura e da Saúde monitoram os diversos níveis da cadeia produtiva de alimentos, da fazenda ao supermercado, para assegurar o cumprimento das normas sobre uso de medicamentos veterinários. Limites máximos de resíduos ou, no caso de hormônios, proibição total, são determinados caso a caso, conforme o perfil toxicológico de cada substância.
Os resíduos de hormônios em alimentos poderiam causar distúrbios no frágil equilíbrio do sistema hormonal humano em qualquer idade. Existem ainda preocupações acerca dos possíveis efeitos a longo prazo em crianças, uma vez que elas se encontram em fase de desenvolvimento. Além disso, algumas substâncias, como o dietilestilbestrol (um estrógeno sintético não-esteróide), estão associadas ao aumento do risco de desenvolver câncer.
Entretanto, não são apenas as evidências científicas que determinam o estabelecimento de normas sanitárias. Influenciam, também, variáveis políticas e econômicas. No caso de hormônios, não há consenso mundial acerca do banimento. Os Estados Unidos, por exemplo, permitem o uso dessas substâncias e chegaram a abrir um painel na Organização Mundial do Comércio contra barreiras impostas pela União Européia às suas exportações de carne.
Rebecca Nicolich
Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro