Um tema é recorrente entre estudiosos das ciências humanas: o dilema liberdade x segurança. Entre os séculos 16 e 18, uma das escolas que se posicionava a respeito dessa questão era a contratualista, que considerava que o Estado se origina por meio de um “contrato social”. Nele, os cidadãos abrem mão de alguns direitos e liberdades e se submetem a regras que lhes permitem viver em sociedade.
O filósofo inglês John Locke (1632-1704), conhecido como pai do liberalismo, defendia que um dos direitos a que o homem renuncia no contrato social é o de defesa e de fazer justiça com as próprias mãos. Quem passa a ter a função da justiça e o poder do uso da força é o Estado. Outros estudiosos questionam se deveríamos mesmo entregar nossa liberdade ao governo, esperando que este faça a justiça por nós.
No livro A República, Platão questiona: “Sed quis custodiet ipsos custodes?“ (“Quem vigia os vigilantes?”). Em outras palavras, quando uma pessoa ou um grupo detém um poder absoluto, quem será seu regulador? Uma solução possível, utilizada nas democracias modernas, é a proposta pelo filósofo francês Montesquieu (1689-1755): a divisão dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Dessa forma, cada poder é limitado e fiscalizado pelos demais.