História da cloroquina inclui momentos de glória – quando aplicada contra a malária e doenças reumatológicas – e de otimismo infundado, como o atual, em que governos rejeitam resultados científicos que provam sua ineficácia contra a covid-19.

A história dos medicamentos é bem mais tortuosa do que supõem narrativas lineares que partem do episódio de isolamento ou síntese dos princípios ativos até a comercialização, passando pelos testes de eficácia e inocuidade. O que seriam efeitos colaterais podem se converter em novas aplicações, distintas das originais. Nessas trajetórias acidentadas, as drogas assumem sentidos diferenciados, que se sedimentam em malhas discursivas, as quais abrangem não só fatores científicos como também significados culturais, políticos e econômicos.

A cloroquina e seu derivado, a hidroxicloroquina (HQ), são bons exemplos disso, sobretudo depois da projeção que assumiram ao serem apontadas como remédios eficientes contra a covid-19. Médicos chineses – e depois franceses – advogaram sua eficácia no tratamento da virose, o que deu início a uma série de testes clínicos destinados a comprovar seu papel terapêutico.


Já se acumulavam evidências de que a droga não apresentava benefícios que justificassem seu uso, além de ter efeitos colaterais preocupantes, como problemas cardíacos

André Felipe Candido da Silva

Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

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