A economia mundial está intrinsecamente ligada ao uso de recursos naturais. Em 2020, relatório do Fórum Econômico Mundial destacou que mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) global (equivalente a cerca de US$ 44 trilhões) tinham dependência significativa da natureza.
Desde a Revolução Industrial, iniciada na segunda metade do século 18, o crescimento econômico foi sustentado pela intensificação da exploração de recursos naturais, como o látex extraído da seringueira (Havea brasiliensis).
No Brasil, essa demanda resultou no ciclo da borracha, que modificou a Amazônia entre o final do século 19 e meados do século passado. Esse ciclo transformou cidades, como Manaus e Belém, atraindo investimentos e consolidando o país como um dos maiores exportadores desse produto no mundo.
Em países com grandes áreas de florestas tropicais, como o Brasil, o extrativismo de recursos naturais renováveis é essencial para a economia e o bem-estar de milhões de pessoas que, de modo direto ou indireto, dependem dessa atividade.
A coleta de frutos, como açaí, castanha-do-brasil, borracha e óleos vegetais, é fundamental tanto para o mercado interno quanto para exportação, agregando valor à biodiversidade e fomentando a chamada bioeconomia.
O extrativismo que acontece na floresta não pode ser entendido isoladamente. Ele está inserido em um sistema acoplado, onde os processos ecológicos, sociais e econômicos se inter-relacionam.
A coleta de produtos florestais, como frutos, sementes, resinas ou óleos, aciona uma cadeia complexa que conecta comunidades locais a centros urbanos e mercados internacionais. Esses produtos não apenas geram renda direta para milhares de famílias que vivem em territórios extrativistas, como também impulsionam sistemas produtivos integrados, que envolvem etapas de beneficiamento, industrialização e comercialização em mercados nacionais e internacionais.
Dessa forma, o extrativismo atua como um elo vital em um sistema maior que emprega pessoas em diferentes elos da cadeia e depende da manutenção dos ecossistemas florestais para sustentar sua base produtiva e social.