Secretaria Municipal de Educação, Prefeitura de Botucatu (SP)
Cada vez mais, a economia circular deve se voltar para o ambiente marinho, com o objetivo de ter um oceano limpo, saudável e resiliente, previsível, seguro, sustentável e produtivo, transparente e acessível, e conhecido e valorizado por todos, como recomendam as Nações Unidas.
CRÉDITO: ADOBE STOCK
Economia pode ser compreendida como o conjunto de atividades desenvolvidas pelos humanos visando à produção, à distribuição e ao consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida. Aos principais problemas econômicos – o quê, o quanto, como e para quem produzir – soma-se um novo problema básico: a sustentabilidade da produção para as gerações futuras. Para lidar com tal problema, é necessário repensar o crescimento econômico e até o próprio sentido coletivo do consumo, em permanente expansão – o que demanda uma mudança de comportamento da sociedade.
Para entender o problema da sustentabilidade, é necessário olhar para o Produto Nacional Bruto (PNB) de um país – a medida mais usada para quantificar o tamanho de uma economia. No livro O poema imperfeito, de Fernando Fernandez (2011), mostra-se que o PNB é o valor de mercado correspondente à produção de um país, ou seja, o custo de todos os serviços que uma nação produz e vende; inclusive, gastos governamentais, mas exclui-se o consumo irreversível dos recursos naturais de um país.
O dinheiro gasto com extração de petróleo, a gasolina que é vendida e comprada e até o dinheiro usado para tentar recuperar a poluição contam no cálculo do PNB. Mas o combustível queimado – que está perdido para as gerações futuras – não é deduzido desse cálculo, nem o impacto no oceano ou a poluição na atmosfera que gera.
Em resumo, Fernandez diz que o que se produz entra no cálculo como algo positivo, o que se estraga no processo não entra, e o que se gasta para consertar o estrago entra como algo positivo. Assim, há um claro problema de sustentabilidade em longo prazo, além de escancarar que o crescimento do PNB não tem associação direta com o bem-estar da população.
A economia circular é uma forma de lidar com o problema básico atual, por ser uma alternativa para se aproximar da sustentabilidade e do uso eficiente de todo tipo de recurso. Segundo a Fundação Ellen MacArthur (Reino Unido), a economia circular se baseia em três princípios: eliminar resíduos e poluição, circular produtos e materiais, e regenerar a natureza.
De acordo com o capítulo ‘Uma abordagem circular para uma economia sustentável’ do livro Princípios para Estratégias de Governança para Reduzir a Desigualdade e Promover o Desenvolvimento Humano, a economia circular ajuda a garantir que os materiais usados sejam reutilizados, reparados ou reciclados, reduzindo a necessidade de recursos naturais virgens, o que promove um sistema de circuito fechado, e não apenas o modelo linear de ‘produção-consumo-descarte’ em um planeta com recursos finitos.
A autora do referido capítulo, Inês Botão, pondera que “a reciclagem é um aspecto específico da economia circular que se concentra no fim da vida útil dos produtos e materiais. Embora os produtos reciclados sejam geralmente associados a uma baixa qualidade, aqueles projetados para a economia circular são frequentemente associados a uma qualidade melhor, já que são desenvolvidos a partir de princípios circulares, incluindo durabilidade, reparabilidade e o uso de materiais sustentáveis”.
Segundo o artigo ‘O modelo circular de negócios’ (Harvard Business Review, 2021), há três estratégias principais para desenvolver a economia circular:
1) reter a propriedade do produto por aluguel, que ajuda a deslocar a responsabilidade da fase final de vida de um produto do consumidor para o produtor. Essa abordagem incentiva as empresas a projetar produtos mais duráveis, facilitando a substituição de peças, em vez de descartar o produto inteiro;
2) estender a vida útil do produto, envolvendo o desenvolvimento de produtos que durem mais tempo, ou seja, que sejam substituídos com menor frequência, demandando menos recursos para elaborar novos produtos. Quando uma empresa retém a propriedade do produto, é do seu interesse manter o produto em uso pelo maior tempo possível;
3) design para reciclagem, que implica projetar produtos e processos de fabricação para maximizar a recuperabilidade dos materiais para uso em novos produtos. Ao projetar produtos que podem ser facilmente reciclados, as empresas reduzem os resíduos gerados, diminuindo o uso de recursos naturais virgens.
Entre os movimentos emergentes que defendem uma atenção maior para o oceano no campo econômico, está a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) das Nações Unidas, inserida no escopo da Agenda 2030, com o objetivo de atingir um oceano limpo, saudável e resiliente, previsível, seguro, sustentável e produtivo, transparente e acessível e conhecido e valorizado por todos.
Até meados do século passado, o oceano não estava na pauta política das nações. Hoje, é um dos temas centrais do G20 (grupo que reúne os principais países industrializados e emergentes do planeta). Por isso, as diferentes riquezas dos mares e do oceano têm aparecido como economia azul, economia do mar, economia marítima e economia marinha – termos usados como sinônimos, mas que não o são, segundo o livro Economia Azul: vetor para o desenvolvimento do Brasil (2022).
O termo ‘economia azul’ – cuja origem se atribui ao economista belga Gunter Pauli, em 2009 – é o conceito mais amplo e mais utilizado que defende o uso sustentável dos recursos marinhos, visando ao crescimento econômico associado a melhores condições de emprego e de meios de subsistência, bem como à saúde dos ecossistemas marinhos.
As atividades econômicas que contribuem para o ‘PNB do Mar’ são expressivas, envolvendo setores, como o alimentício, farmacêutico, cosmético, esportivo, náutico, portuário, turístico e energético. Mas elas vão além, contemplando diversos serviços ecossistêmicos essenciais à vida, de difícil valoração econômica, como a geração de oxigênio e a captação de gás carbônico.
Mas como relacionar a economia azul com a economia circular? Primeiro é preciso frisar que muitas atividades econômicas realizadas no mar não são sustentáveis, basta ver a quantidade de estoques pesqueiros em declínio nas últimas décadas. Para que a economiza azul considere a economia circular ela precisa ser sustentável.
Uma economia azul sustentável, ou uma economia circular azul, se baseia no investimento em ciência, tecnologia e inovação na pesquisa oceânica para o desenvolvimento de serviços e produtos sustentáveis. Só assim se pode promover um novo sistema econômico, com uma mudança significativa nos processos produtivos, em que os recursos oferecidos pela natureza sejam reaproveitados. Por exemplo, a obtenção do pescado deveria levar em consideração os pescadores artesanais, o bem-estar animal e a aquicultura.
Considerando o tripé da sustentabilidade, que busca gerar riquezas e mantê-las, e que o Brasil possui uma das maiores Zonas Econômicas Exclusivas do mundo, área equivalente à Amazônia Verde ou a mais da metade do território nacional, a economia circular azul deve ser uma prioridade em nosso país para que ele possa alcançar as agendas globais e, sobretudo, garantir recursos para as gerações atuais e futuras.
*A coluna Cultura Oceânica é uma parceria do Instituto Ciência Hoje com a Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano da Universidade de São Paulo e com o Projeto Ressoa Oceano, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
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