O singular momento do oceano

Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, Rede Ressoa Oceano
Liga das Mulheres pelo Oceano
Projeto Ressoa Oceano

O Dia Mundial dos Oceanos se propõe a celebrar a essência da vida e convocar as pessoas a se conectarem com o maior ambiente da Terra

CRÉDITO: a partir de imagem adobe stock

Por toda a sua imensidão, o oceano e tudo aquilo que dele advém nos pareciam infinitos. Frente às vulnerabilidades constatadas – poluição, extinções de espécies, destruição de ambientes, sobrepesca e mudanças do clima –, a infinitude cedeu lugar à certeza dos limites do maior ambiente da Terra. Junho é o mês oficial do oceano, uma vez que, no dia 8, comemora-se o Dia Mundial dos Oceanos. A data nos convida a muitas reflexões sobre as vivências, os impactos das ações humanas, os recursos extraídos, a diversidade de ambientes, entre outros aspectos do imenso azul que nos impressiona.

Mas por que dar “vivas” ao oceano? Primeiro, porque a ciência considera que a vida teve origem no oceano primitivo. Depois, porque o oceano oferece mais da metade do oxigênio que respiramos, absorve a maior parte do dióxido de carbono que produzimos, abriga a maior biodiversidade do mundo, regula o clima da Terra e muito mais. 

É fato, entretanto, que uma considerável fração das pessoas pelo mundo não tem ideia da importância do oceano. E é urgente mudar essa realidade. Um passo importante nesta direção aconteceu em 2017, na Conferência do Oceano, em que a Organização das Nações Unidas, a ONU, propôs que a década entre 2021 e 2030 fosse dedicada à Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável – ou simplesmente Década do Oceano. Esse período será dedicado a unir esforços e ações para atingirmos um oceano que queremos e precisamos.

Uma considerável fração das pessoas pelo mundo não tem ideia da importância do oceano. E é urgente mudar essa realidade

O Brasil, com toda a certeza, tem muito a contribuir. Afinal, temos uma faixa litorânea de cerca de 8.500 quilômetros, banhando 17 estados e 13 capitais, e uma área marítima de aproximadamente 5,7 milhões de quilômetros quadrados – a chamada Amazônia Azul. Mas, apesar de tanta conexão, o oceano é também distante de muitos brasileiros – e não só fisicamente.

Embora a chuva que chega ao Mato Grosso tenha relação com as correntes oceânicas, as pessoas que moram distantes do oceano muitas vezes desconhecem a relação dele com elas. Então, como sensibilizar cerca de 70 milhões de brasileiros, que nunca tiveram a oportunidade de ver, sentir e entrar no mar? Como fazer com que qualquer pessoa possa compreender o oceano como um todo, desde suas ameaças, mistérios, belezas, até a sua vital importância?

Como sensibilizar cerca de 70 milhões de brasileiros, que nunca tiveram a oportunidade de ver, sentir e entrar no mar?

Um caminho é disponibilizar informação de qualidade e de acesso aberto às pessoas. Com esse objetivo, surgiu a Rede Ressoa Oceano, uma parceria entre quatro instituições brasileiras: o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas; a Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano, da Universidade de São Paulo; a Liga das Mulheres pelo Oceano; e o Projeto Ilha do Conhecimento. O grupo pretende fazer ressoar a cultura oceânica para além das fronteiras do litoral ou das pessoas que trabalham com a temática, fortalecendo iniciativas de divulgação sobre as ciências do mar. 

O projeto, que começou em 2023, conta com apoio de importantes entidades, como a Voice of Oceans e o Instituto Ciência Hoje. O financiamento é do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a coordenação é da professora Germana Barata, do Labjor. A Rede, que pretende ser um ponto de referência de informações sobre o oceano, atuará em três frentes: treinamento de jornalistas e cientistas para abordarem temáticas sobre o oceano, curadoria de iniciativas e produtos de comunicação já existentes e produção de conteúdos para difundir a cultura oceânica. A Ressoa também prioriza garantir a diversidade dentro de suas atividades, tornando as ciências oceânicas e a divulgação científica mais igualitária e acessível.

Enfim, o Dia Mundial dos Oceanos é uma data para celebrarmos a essência da vida, mas queremos que essa celebração siga ressoando todos os outros dias do ano. Afinal de contas, o nosso planeta é muito mais oceano do que qualquer outra coisa, e para que a Terra continue, sobretudo, azul, verde e viva, o oceano precisa ser compreendido e defendido por todos nós.

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