Da indústria à academia, na briga pela igualdade de gênero

Instituto de Química
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Claudia Rezende trilhou carreira em centro de pesquisa de multinacional, mas foi na universidade que encontrou espaço para se dedicar a duas paixões: a química e o reconhecimento à força feminina

CRÉDITO:FOTO ACERVO CLAUDIA REZENDE

Sempre gostei das ciências exatas. Meu pai era dentista e, apesar de ser da área da saúde, era muito curioso sobre os fenômenos da natureza. Tinha um livro do Einstein que sempre mostrava. Aliás, convivemos com muita leitura em casa. A influência deu certo e pensei em fazer física nuclear, mas era uma área que ainda estava começando naquela época. Queria uma universidade pública e me decidi pela química, porque achei que a interface ali seria melhor. Estudei na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estagiei em centro de pesquisa. Fiz bacharelado e licenciatura, dei aula um tempo, e depois consegui uma bolsa em um projeto de síntese de moléculas, ligado ao Ministério da Saúde e ao Sistema Único de Saúde, o SUS. 

Depois de dois anos, um ex-professor me chamou para uma entrevista num centro de pesquisa de uma multinacional. Era um centro de pesquisas avançadas, no qual dávamos, inclusive, muito apoio de infraestrutura à universidade. Gostava bastante e trabalhei nove anos ali. Mas, quando engravidei, tive um problema interno em relação à uma promoção que eu merecia: a empresa disse que não podia me promover porque eu tinha ficado afastada de licença-maternidade. Fiquei muito aborrecida, era um absurdo, machismo. Ainda mais porque eu tive muita dificuldade para engravidar, depois de um problema de saúde. A empresa acompanhou esse processo. Faltou humanidade em uma chefia muito masculina. 

Aquilo mexeu demais comigo. Então, um colega que tinha sido meu orientador comentou que iria abrir uma vaga na UFRJ. Incentivou que eu me preparasse para a prova. Eu já tinha uma experiência de quase dez anos na indústria, o que poucos tinham na universidade. Pensei muito. Mas foi bola certa. Meu salário reduziu bastante, mas achei que seria mais feliz, e foi realmente o que aconteceu. Aos poucos consegui estruturar meu laboratório. E havia outro olhar de valorização da mulher.

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