Em 2008, visitamos as florestas do rio Araguaia, nas proximidades do município de Caseara, no Tocantins. Enquanto descansávamos às margens de um pequeno braço do Araguaia, ouvimos um canto desconhecido do outro lado do rio – poderia ser uma espécie nunca antes vista naquela região!
Empolgados e sem pensar muito, eu e meu amigo Bruno Rennó mergulhamos na água com binóculos e equipamento de fotografia na cabeça; nadamos em direção à outra margem. Mas, quando já estávamos dentro d’água, percebemos que a menos de 30 metros nadava um jacaré-açu (Melanosuchus niger) com no mínimo 6 metros de comprimento.
Apesar da presença indesejada, chegamos à outra margem. Mas a ave misteriosa, para nossa decepção, imediatamente voou para longe. Começamos então a nadar de volta para a margem onde estávamos inicialmente.
Porém, enquanto atravessávamos o rio, o jacaré-açu virou-se em nossa direção e começou a nadar até nós. Como já estávamos no meio do caminho, continuamos nadando o mais rápido possível. O jacaré já estava a uns 10 metros de nós, aproximando-se cada vez mais e, de repente, mergulhou – o que aumentou nosso medo e quadruplicou nossa velocidade.
Foi incrível como nessa hora nós retiramos força de algum lugar e nadamos tão rápido que praticamente pulamos para fora do rio. Felizmente o jacaré sumiu, nada aconteceu e hoje estamos aqui fundando a Associação Brasileira de Observadores de Aves.
Sandro Von Matter
Associação Brasileira de Observadores de Aves