Elevadores que levam ao espaço, bactérias sintéticas, próteses cerebrais… A possibilidade de tecnologias futuristas como essas serem de fato desenvolvidas em breve e seu eventual impacto sobre os humanos são o tema explorado no livro Logo, logo: dez novas tecnologias que vão melhorar e/ou arruinar tudo, da Editora Intrínseca (2018). Cobrindo desde áreas familiares ao grande público, como as viagens espaciais ou a robótica, até assuntos menos populares, mas potencialmente importantíssimos, como a edição genética(inserção, substituição ou remoção de genes do DNA) ou a impressão 3D de órgãos humanos, a obra traça um vertiginoso – e, por vezes, perturbador – panorama do futuro possível.
O que torna Logo, logo único, se comparado a outros livros semelhantes, é a sua abordagem irreverente. Nas palavras dos autores, o casal Kelly e Zach Weinersmith, em vez de tentar “vender uma filosofia da futurologia ou uma visão do futuro”, seu objetivo é servir “petiscos [intelectuais] para meganerds” – que é como os próprios autores se identificam. De fato, diferentemente de sua esposa, uma renomada bióloga, ZachWeinersmith não é cientista nem tecnólogo, mas humorista e cartunista. Ele é conhecido principalmente pela página de quadrinho son-line Saturday Morning Breakfast Cereal, que aborda temas científicos e cultura pop com um humor tipicamente nerd.Seus cartuns permeiam o livro, cujo texto é ainda recheado de piadas e anedotas irônicas praticamente a cada linha. O efeito soa como um hipotético documentário científico apresentado pelos personagens do seriado norte-americano de comédia The Big Bang Theory. A espessa camada de humor tem, porém, um propósito, que é amortecer a enxurrada incessante de ideias incríveis, especulações loucas e desenvolvimentos realmente assombrosos, tudo escrupulosamente embasado em referências técnicas e entrevistas com pesquisadores de ponta.
Cada capítulo cobre uma área distinta da tecnologia. Não por acaso, dada a especialidade da coautora, os mais instigantes são aqueles que envolvem biotecnologia. Por exemplo: técnicas impensáveis até poucos anos atrás, como a edição genética de células vivas usando ‘tesouras moleculares’, ou a síntese de cadeias de DNA por encomenda, não só já são realidade, mas estão se tornando cada vez mais acessíveis. De fato, essa tecnologia tem avançado tão rapidamente que até suas consequências especulativas, como a cura de doenças genéticas ou (por outro lado) a criação de super-vírus artificiais letais, parecem não ser mais sonhos de ficção científica, mas apenas uma questão de tempo.
Outros capítulos são bem mais especulativos, como aquele dedicado à ‘matéria programável’– uma substância hipótética, constituída por legiões de nanomáquinas e cujas características físicas poderiam ser reconfiguradas à vontade. Nesse caso, a realidade ainda passa longe dos sonhos da ficção: os desenvolvimentos mais avançados envolvem materiais que podem mudar de forma controladamente, ou grupos coordenados de centenas ou milhares de robôs com tamanho de alguns centímetros.
Também é difícil entender certas omissões da obra. Por exemplo, a tecnologia emergente que talvez seja a mais importante e imprevisível dos nossos tempos, a inteligência artificial, é mencionada apenas de passagem.
Em resumo: para aqueles que apreciarem o senso de humor dos Weinersmith, ler Logo, logoserá como ser conduzido por um jardim cheio de ‘doces’ tecnológicos irresistíveis. A todo momento, eles deixam transparecer seu entusiasmo e puro deslumbramento com as possibilidades abertas –sem deixar de alertar para os potenciais perigos. O estilo dos autores pode, porém, não ser para todos os gostos. Então, recomendo a potenciais leitores que verifiquem primeiro se apreciam os quadrinhos de Zach, disponíveis gratuitamente em www.smbc-comics.com, antes de comprarem o livro.
Um comentário final sobre a (primeira) edição em português. Se nada é tão difícil de traduzir quanto um texto humorístico, traduzir piadas técnicas é um desafio ainda maior. Apesar dos valorosos esforços do tradutor Bruno Casotti, infelizmente há várias dúzias de ocasiões em que o sentido (e, quiçá, a graça) original da piada se perdeu. Um pouco mais grave são os (felizmente muito poucos) erros técnicos na tradução, como confundir os conceitos de ‘energia’ e ‘potência’ (energia por unidade de tempo) de um reator. De modo geral, esses erros não afetam o prazer da leitura, mas seria conveniente uma revisão em uma futura edição.
Daniel Jonathan
Instituto de Física,
Universidade Federal Fluminense
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