Em junho deste ano, um anúncio importante foi feito por dois paleontólogos chineses, Xiaolin Wang e Zhongue Zhou, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia de Pequim: a descoberta do primeiro ovo fóssil de pterossauro. E, o que é ainda melhor, o ovo continha um embrião! A notícia pode parecer trivial, mas é sem dúvida um dos mais interessantes achados deste ano no campo da paleontologia (ciência que estuda os fósseis), e ganhou destaque na renomada revista Nature .
Os ossos longos (alguns indicados por setas) revelam que o embrião fossilizado é de um pterossauro. (foto: X. Wang)
A aparência do fóssil não desperta muito interesse, já que se vê apenas um punhado de ossos não facilmente identificáveis. Uma análise mais detalhada, porém, revela que se trata de um embrião. O reconhecimento de que esse embrião é de um pterossauro deve-se à presença de ossos longos, característicos das asas desses animais. A casca do ovo está quase toda destruída, mas algumas partes continuam preservadas na rocha. Essa casca parece ser muito diferente da encontrada em ovos de dinossauros: é muito fina e tem uma ornamentação externa menos marcada.
Esse tipo de descoberta, além de fornecer dados sobre o modo de reprodução de um grupo de vertebrados totalmente extinto, leva os pesquisadores a procurarem outros exemplares semelhantes. Após a descoberta na China, foi anunciado o achado de novo embrião de pterossauro, dessa vez na Argentina, em trabalho ainda em elaboração.
Alexander Kellner (kellner@mn.ufrj.br)
Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro