Analisar o tempo nas cidades ajuda a entender as dinâmicas urbanas e as diferenças espaciais internas. Hoje, muitas secretarias municipais, principalmente de municípios metropolitanos e cidades médias, buscam compreender como os usos e as atividades dos espaços urbanos se modificam ao longo do dia, da semana ou do ano, possibilitando, assim, que áreas mais ou menos ativas possam ser mais bem atendidas quanto à infraestrutura urbana.
Desde que o geógrafo sueco Torsten Hägerstrand (1916-2004) propôs, em 1970, a ‘geografia do tempo’, os ritmos diários da cidade têm sido estudados a fim de se compreender melhor a vida urbana. Afinal, as relações de tempo e espaço oferecem um quadro de como as cidades funcionam.
Onde quer que haja uma interação entre um lugar, um tempo e um gasto de energia, há um ritmo, como bem disse o filósofo francês Henri Lefebvre (1901-1991). Então, podemos pensar que o ritmo urbano diz respeito ao tempo que as pessoas utilizam exercendo suas atividades nos espaços. O mais interessante sobre isso é poder analisar como o tempo se materializa no espaço, ou seja, como se transforma em padrões de ritmo das cidades.
Nos estudos de ritmo urbano existem dois conceitos utilizados para entender o ritmo nas cidades: a ‘ritmanálise’, de Henri Lefebvre, e o ‘cronotopo’, do filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975). Em ambos, o ritmo não é o objeto de análise, é a própria ferramenta analítica.
Na abordagem de Lefebvre, o ritmo é como um indicador para medir a diversidade funcional de um lugar e busca entender os variados ritmos oriundos das diferentes velocidades, trajetórias e práticas humanas.
Já a ideia de cronotopo é o quadro que reúne esses diferentes ritmos e que permite entender os polirritmos de um lugar, ou seja, busca entender a combinação única de vários ritmos. É uma unidade de temporalidade específica associada a um lugar específico. Nesse quadro, a cidade se organiza em tipos específicos de temporalidade.