Estudos demonstraram que: i) duas doses da ChAdOx1-S ou Coronavac são incapazes de gerar anticorpos neutralizantes contra a variante Ômicron; ii) duas doses das vacinas de mRNA geram respostas de anticorpos neutralizantes muito baixas, cujos níveis diminuem rapidamente.
Mas uma dose de reforço – especialmente, com vacinas de mRNA, em pessoas já vacinadas ou convalescentes – é capaz de aumentar os anticorpos neutralizantes contra a variante Ômicron. Apesar de não induzirem altos níveis de anticorpos neutralizantes, a ponto de evitar infecções ou reinfecções, doses de reforço com a vacina da AstraZeneca ou Pfizer foram capazes de reduzir a gravidade das infecções por essa variante.
Em face desses dados, foi levantada hipótese em relação a pessoas que tomaram vacinas diferentes: a proteção contra óbitos ou casos graves (especialmente, em infecções pela variante Ômicron) seria mediada principalmente pela resposta celular desencadeada por linfócitos T e não por anticorpos neutralizantes.
A falha das vacinas atuais na indução de anticorpos contra a Ômicron se deve principalmente a mais de 30 mutações – incluindo aquelas que alteram significativamente a estrutura da proteína Spike dessa variante e, com isso, seu reconhecimento por anticorpos que foram gerados a partir da sequência original da Spike.
Essas mutações são observadas especialmente na parte da Spike que se liga ao receptor ACE2 na célula humana, evitando, assim, a ação neutralizante dos anticorpos. Mas a resposta dos linfócitos T parece ter sido preservada, porque esses linfócitos reconhecem não uma, mas, sim, várias partes da Spike, bem como partes de outras proteínas, como a proteína do Nucleocapsídeo (ou proteína N), que sofre menos alterações.
Portanto, por causa da resposta mediada por linfócitos T, os casos graves da doença foram sendo drasticamente reduzidos, mesmo com o aparecimento das variantes, como a Ômicron.