Esquecimentos, dificuldade de compreensão, comprometimento da expressão verbal, redução da capacidade de executar de tarefas rotineiras, perda gradual da autonomia, dependência de terceiros. Este costuma ser o quadro clássico da evolução da doença de Alzheimer , uma doença neurodegenerativa, que causa a morte progressiva dos neurônios. No Brasil, há estimativas de que cerca de 40% da população com 85 anos ou mais são acometidos pela doença.
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência e afeta a qualidade de vida dos pacientes. Suas consequências, porém, não se limitam ao doente: afeta as famílias, que em grande parte são as responsáveis pelos cuidados prolongados que a doença exige, e provoca ainda um grande impacto médico, social e econômico na sociedade.
Os primeiros registros da doença de Alzheimer datam de 1906, quando o psiquiatra alemão Alois Alzheimer descreveu os sintomas e as características neuropatológicas da doença em uma mulher de 51 anos. Intrigado com os sintomas que observava, o médico resolveu fazer uma avaliação neuropatológica no cérebro da paciente, concluindo que o mesmo tinha “substâncias peculiares” encrustadas, que hoje conhecemos como placas de beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares (amontoados de grânulos insolúveis que se formam no cérebro de pacientes e são as características clássicas da doença).
Existem dois tipos de doença de Alzheimer: a familial (cerca de 5% dos casos), que envolve um componente genético dominante; e a esporádica (95% dos casos), que é multifatorial, mais complexa e tem na idade o maior fator de risco (maiores de 65 anos). Além disso, problemas como obesidade e diabetes são fatores de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer esporádica.
Alois Alzheimer
Por muitos anos o diagnóstico definitivo ocorria somente após análise do cérebro do paciente após a morte. Atualmente, existem marcadores biológicos (biomarcadores) capazes de identificar as duas características clássicas da doença em pacientes vivos. As placas de beta-amiloide e os emaranhados neurofibrilares são detectados no líquido cefalorraquidiano por imagens como a ressonância magnética (IRM) e a tomografia. Desde 2011, esses marcadores biológicos passaram a fazer parte do critério de diagnóstico da doença de Alzheimer. .
Em 2018, um novo critério para pesquisa clínica foi proposto. Hoje, a tecnologia mais avançada para identificação da doença de Alzheimer é a tomografia por emissão de pósitrons, conhecida popularmente como PET Scan. Trata-se de um exame de imagem capaz de detectar as placas de beta-amiloide antes mesmo da manifestação dos sintomas. Esse exame já é aprovado para uso na América do Norte e na Europa, porém sua aprovação ainda tramita no Brasil.
Placas de beta-amiloide (em azul) no cérebro
Em relação aos medicamentos, até o momento, os fármacos disponíveis tratam somente os sintomas da doença de Alzheimer e não conseguem impedir a sua progressão. Alguns, porém, podem produzir melhora temporária em alguns pacientes, em termos de função cognitiva global e na qualidade de vida.
Terapias não farmacológicas também podem efetivar uma melhora no quadro dos pacientes. Acredita-se que a mudança no estilo de vida, com priorização de atividade física regular e alimentação saudável, e a estimulação cognitiva podem impedir o aparecimento dos sintomas em até 35% dos pacientes que carregam as características clássicas da doença no cérebro.
Países mais desenvolvidos já aprenderam a lidar melhor com doenças relacionadas ao envelhecimento, como é o caso da doença de Alzheimer, porque a expectativa de vida da população foi ampliada há mais tempo. Mas o Brasil também caminha nessa direção. Com as pessoas vivendo mais, torna-se indispensável que o conhecimento sobre a doença de Alzheimer seja difundido.
Atualmente, os familiares podem ter um papel fundamental na melhora da qualidade de vida de um idoso portador de doenças neurodegenerativas. Técnicas simples podem minimizar o sofrimento do paciente. Por exemplo: evitar que idosos com doenças neurodegenerativas sejam infantilizados, pois isso é altamente prejudicial para a saúde mental dessas pessoas, tendo relação até com o aparecimento de comorbidades psiquiátricas, como a depressão. Outro exemplo simples: estimular o paciente a movimentar o corpo e utilizar o cérebro tem efeitos benéficos e pode até retardar a progressão da doença.
Uma abordagem adequada do tema, não relacionada somente à doença de Alzheimer, mas com a prevenção de doenças para um envelhecimento digno e saudável, pode ser iniciada com os jovens nas escolas.
O ambiente escolar pode contribuir com abordagens efetivas que estimulem o melhor relacionamento das crianças e adolescentes com seus familiares idosos. Conhecendo a doença de Alzheimer e outras patologias mais profundamente, os jovens podem interagir e promover uma melhora na qualidade de vida de seus familiares idosos. Na prática, os jovens podem ler jornais, revistas e livros para seus familiares acometidos por doenças neurodegenerativas, bem como envolvê-los em atividades de informática, jogos de tabuleiros, palavras cruzadas e música. Estratégias simples como essas auxiliam a reintroduzir, na medida do possível, esses indivíduos na sociedade.
Rosana Flenik
Aluna do Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional (ProfBio)
*Artigo resultante de entrevista com o pesquisador Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Assim como fez com o petróleo – aprendendo a extraí-lo e transformá-lo em riqueza, com muita pesquisa e inovação –, o Brasil precisa fazer o mesmo com a energia solar, que, em breve, será uma das fontes de energia mais importantes do planeta.
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