A proposta de acomodar uma comunidade urbana que vive em local de risco num ambiente mais sustentável foi o tema do projeto de Ane Gabriela Liposki e Viviane Baron, estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul (RS), que participaram da Bienal de Sustentabilidade José Lutzenberger, realizada ano passado em Recife (PE).

O trabalho teve como foco a moradia, o entorno e a renda das famílias. Orientado por Maria Fernanda de Oliveira Nunes e Paulo Rogério De Mori, o projeto deu o segundo lugar às alunas.

“Surgiu um espaço que chamamos de ‘rurbano’ – uma mescla entre o rural e o urbano – em que um completa o outro”

As residências foram planejadas para pessoas que, no passado, vieram do interior em busca de emprego e melhores condições de vida, harmonizando traços modernos e coloniais, como conta Liposki: “Criamos um loteamento que oferece condições para complementar a renda desses moradores e proporcionar uma vida mais saudável. Surgiu um espaço que chamamos de rurbano – uma mescla entre o rural e o urbano – em que um completa o outro, em questões sociais, culturais e econômicas”, diz.

Buscando diminuir o impacto ambiental, as alunas optaram por materiais ecologicamente corretos e economicamente viáveis: “Utilizamos materiais presentes em abundância na região, como alvenaria para as áreas molhadas e madeira de reflorestamento no restante das peças, reduzindo assim custos de transporte e gastos de energia. As paredes são preenchidas com serragem, auxiliando no conforto termo-acústico do interior.

Planta sustentável
Com espaço para incorporar hábitos rurais, as habitações do projeto prevêem viveiro para pequenos animais, lago para criação de peixes e canteiro pluvial para ajudar na drenagem urbana (Imagem: Ane Gabriela Liposki e Viviane Baron).

 

Espaço para hábitos rurais

Graças à orientação da casa no terreno e à presença de vegetação e aberturas estrategicamente colocadas, há uma boa ventilação e iluminação natural”, afirma Baron. As moradias ainda contam com o aproveitamento de energia solar, água pluvial e tratamento de esgoto doméstico no próprio terreno.

“Há espaço para o cultivo de hortaliças e fruteiras, além da criação de pequenos animais”

Ainda pensando nas necessidades das famílias provenientes de um ambiente rural, uma horta orgânica e um cercado foram incluídos. “Os lotes são um pouco maiores que os convencionais, com, aproximadamente, 600 m². O espaço serve para o cultivo de hortaliças e fruteiras, além da criação de pequenos animais, visando ao consumo próprio e à comercialização do excedente”, diz Liposki.

O projeto foi entregue formalmente ao prefeito municipal de Caxias do Sul, José Ivo Sartori: “Nossa ideia é sensibilizar as pessoas sobre os aspectos de sustentabilidade na área da habitação. A parceria entre moradores e órgãos públicos é indispensável para que isso aconteça”, conclui Baron.

 

Bruna Ventura

Ciência Hoje/RJ

Texto publicado na CH 269 (abril/2010)

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