A extinção em massa mais famosa é a que encerrou a ‘Era dos Dinossauros’ e levou ao desaparecimento de cerca de 75% das espécies animais do planeta. Em uma série de colunas, serão abordadas algumas discussões recentes sobre esse tema
ADOBE STOCK
ADOBE STOCK

Há bastante tempo, os paleontólogos notaram a ausência de alguns organismos bem característicos de rochas do período Cretáceo em camadas mais novas, do período Paleógeno (antes conhecido como Terciário). Espécies terrestres como os dinossauros não-avianos, os répteis alados (chamados de pterossauros) e diversos animais marinhos, como plesiossauros e mosassauros, são algumas das formas que simplesmente sumiram no que ficou conhecido como limite K-Pg, que marca o final da Era Mesozoica – também conhecida como ‘Era dos Dinossauros’ – e o início da Era Cenozoica – também chamada de ‘Era dos Mamíferos’. Essa ausência foi documentada em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, mais especificamente na Mina Poty, no estado de Pernambuco.
Existem diversas teorias sobre o que teria levado a essa extinção em massa, cujas estimativas apontam para uma perda de 75% de todas as espécies existentes no planeta, particularmente os organismos de maior tamanho – praticamente todos que pesavam mais de 25 kg desapareceram. Pandemias e atividades de vulcões foram algumas das hipóteses apresentadas para explicar esse desaparecimento.
O grande avanço no entendimento do que poderia ter ocorrido para explicar essa extinção em massa veio por acaso – e não foi fruto do trabalho de paleontólogos…
Um grupo formado por um geólogo e dois químicos, e coordenado pelo físico ganhador do prêmio Nobel Luis Álvarez (1911-1988), tinha uma pergunta científica bem definida quando analisou rochas encontradas em Gubbio, região central da Itália. Os pesquisadores queriam estabelecer, de forma mais empírica, o tempo de formação das camadas.
A ideia, bem original, era medir a concentração de metais do grupo da platina, que são muito raros na crosta terrestre, porém abundantes no cosmos, e que ‘caem’ de forma constante na superfície do planeta. Simplificando, é como se houvesse uma ‘chuva’ constante desses elementos metálicos, que são absorvidos e incorporados à medida que os sedimentos são depositados, milímetro por milímetro. Posteriormente, esses sedimentos se transformam em rochas sedimentares. Assim, ao medir a variação da concentração de elementos químicos do grupo da platina acompanhando a espessura das camadas, Álvarez e colegas poderiam fazer inferências sobre o tempo que levou para cada uma delas se formar. Se a camada tivesse demorado muito a se formar, a concentração desses elementos metálicos seria maior; se a deposição tivesse sido mais rápida, a concentração seria menor.
Para essa análise, os pesquisadores escolheram os extensos depósitos calcários encontrados em Gubbio, pois eles tinham se formado em um mar profundo, um ambiente calmo que favoreceu uma sedimentação contínua. Por acaso, esses depósitos também englobavam o limite K-Pg.
Então, quando analisaram o elemento químico irídio (Ir), veio a grande surpresa. Justamente no limite K-Pg, representado por uma fina camada de argila, a concentração desse elemento aumentou absurdamente: 30 vezes a concentração encontrada tanto acima quanto abaixo dessa camada! Em seguida, Álvarez e colegas analisaram outras seções geológicas, na Nova Zelândia e na Dinamarca, e encontraram concentração de irídio 20 e 160 vezes maior, respectivamente, que as camadas subjacentes.
De onde viria esse irídio todo e por que estava concentrado em uma fina camada de argila, em diferentes pontos do planeta? Para Álvarez e colegas, a resposta era evidente: teria que ter vindo de fora da Terra, do espaço. Sabendo-se que asteroides têm grande potencial para conter altas concentrações de irídio, começava a se formular uma teoria que teve profundos impactos para a pesquisa dos fósseis.
No estudo, os pesquisadores levantaram a hipótese de que um grande asteroide, com diâmetro estimado entre 10 mil e 14 mil metros – maior do que o monte Everest, que tem cerca de 8.850 metros de altura –, teria atingido a Terra e espalhado uma imensa nuvem de poeira de rocha pulverizada na atmosfera, que, em pouco tempo, se espalhou pelo mundo. Assim, a fotossíntese realizada pelas plantas teria sido imediatamente afetada, levando a uma interrupção da cadeia alimentar e à extinção em massa que foi detectada pelos paleontólogos.
Um aspecto bem curioso: durante o processo de avaliação do artigo científico gerado pela pesquisa, nenhum revisor queria acreditar no resultado apresentado por Álvarez e colegas. Ele descrevia o próprio Armagedom – o fim de um mundo –, causado por um evento extraterrestre! Todos recusaram o estudo, até que o último parecerista consultado escreveu algo do tipo: “Ou esses caras são loucos ou, então, descobriram algo verdadeiramente espetacular”. Foi com base nesse parecer que, em 1980, a revista Science, já naquela época um dos principais periódicos do mundo, publicou o artigo que literalmente revolucionou o mundo da paleontologia..
Mas o debate estava apenas começando…

Alexander W. A. Kellner
Museu Nacional/ UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
Integrante do núcleo central do movimento Parent in Science, Rossana Soletti, pesquisadora Universidade Federal do Rio Grande do Sul, comemora visibilidade trazida pelo prêmio da revista Nature à iniciativa e destaca o trabalho voltado para melhorar as condições de vida e trabalho das cientistas com filhos
Onde e como são acelerados os raios cósmicos galácticos? Essa é uma pergunta já secular sobre esses núcleos atômicos ultraenergéticos que viajam pela Via Láctea e podem atingir a Terra. Agora, trabalho recente acrescenta dado importante para ajudar a responder a essa questão.
Nascido em reduto de pretos e mestiços no Rio de Janeiro, esse gênero musical foi chamado de imoral, mas se tornou febre nos grandes teatros e bailes na virada do século 19 para o 20, projetando artistas negros ao estrelato e evidenciando o peso da classe social, do gênero e da raça na compreensão do campo cultural
Territórios delimitados por lei são de extrema importância para frear o desflorestamento que vem aumentando com o avanço da mineração e do agronegócio nos últimos anos. Cabe ao poder público garantir o uso apropriado dos recursos naturais da região e a sobrevivência dos povos que nela habitam.
A sociedade moderna se identifica mais facilmente com personagens controversos e, muitas vezes, na vida real, eleva ao posto de herói figuras cujos erros e defeitos morais – por piores que sejam – são ignorados em prol da luta contra um suposto inimigo
Baseada em fatos reais, a minissérie Batalha bilionária: o caso Google Earth, da Netflix, aborda a criação do TerraVision – o pré-Google Earth – e mostra como é possível invisibilizar histórias brilhantes quando seus protagonistas não têm o devido apoio
Adquirido em leilão por um empresário norte-americano e emprestado para exposição no Museu Americano de História Natural, o esqueleto de um dos estegossauros mais completos do mundo reacendeu a polêmica sobre a compra e venda de fósseis
Rara ocorrência de um fóssil de réptil alado de cerca de 120 milhões de anos com conteúdo estomacal preservado revela a inédita presença de estruturas formadas por plantas e comprova, pela primeira vez, a herbivoria entre esses animais
Descrita a partir de 61 exemplares encontrados em rochas de cerca de 506 milhões de anos no Canadá, nova espécie de artrópode apresenta estrutura do corpo bem distinta dos outros membros do grupo, sugerindo grande diversificação desde o período Cambriano
Estudos sobre répteis aquáticos que viveram na América do Sul e África bem antes dos dinossauros demonstram a existência de indivíduos de até 2,5 metros de comprimento e contribuem para uma melhor compreensão do hábito de vida desses animais
Aprovado pelo CNPq em 2022, o Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Paleovert reúne mais de 30 pesquisadores brasileiros e estrangeiros que atuam na fronteira do conhecimento da pesquisa paleontológica e na divulgação científica
Paleontólogos chineses e brasileiros descobrem, em depósitos jurássicos da China, uma nova espécie de pterossauro de um grupo muito raro, chamado Wukongopteridae, e homenageiam um dos principais paleontólogos brasileiros, Diogenes de Almeida Campos
Cientistas europeus e americanos descobrem, em depósitos de 430 milhões de anos na Inglaterra, duas novas espécies de um grupo de moluscos muito raro, desprovido de concha, revelando uma diversidade anatômica desconhecida para esses animais
Estudo de ossos de um ‘tatu gigante’ de aproximadamente 21 mil anos encontrados nessa região revela marcas de corte feitas por grupos humanos pré-históricos, trazendo novas evidências da ocupação de nossos antepassados no continente sul-americano
Imagens de microtomografia computadorizada de fósseis de 225 milhões de anos encontrados no Rio Grande do Sul revelam que o tipo de articulação entre crânio e mandíbula considerado exclusivo das espécies desse grupo se desenvolveu antes do que se pensava
Pesquisadores apresentaram o registro mais antigo da interação entre insetos e plantas preservado em folhas de angiospermas fósseis encontradas na Ilha Nelson, na parte ocidental da Antártica, evidenciando um clima mais ameno na região há 75 milhões de anos
Com ajuda de imagens detalhadas obtidas por técnica sofisticada de tomografia, pesquisadores descreveram o réptil voador extinto mais completo encontrado no continente australiano e que possui afinidade com espécies do Brasil
| Cookie | Duração | Descrição |
|---|---|---|
| cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
| cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
| cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
| cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
| cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
| viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |