Estudos como a “A doença meningocócica em São Paulo, Brasil, no século XX”, de José Cássio de Moraes e Rita Barradas, apontam que o número de mortes – antes girava em torno de 7% – oscilou entre 12% e 14% dos acometidos em 1972. Apesar de aumentar com a propagação da doença, a letalidade não cresceu nas proporções esperadas. Quando as informações começaram a ser difundidas, entre 1974 e 1975, ela teve o seu avanço reduzido e, felizmente, não acompanhou o crescimento do número de casos, como era de se esperar. Isso, no entanto, não impediu que se alcançasse o patamar inaceitável de 10%. O fato é que o acesso à informação ajudou a salvar vidas.
Alguns autores se referem ao fato de terem sido utilizadas, sem sucesso, 200 mil doses de uma vacina norte-americana. Isto porque, segundo estes analistas, o produto não conferia imunidade para crianças abaixo dos 2 anos de idade.
A isso se somou a mudança de perfil da epidemia. Uma mudança que certamente se beneficiou da censura, uma vez que esta contribuiu para a livre circulação da doença. Iniciada pelo sorotipo C, ela passou a contemplar também o sorotipo A – mais perigoso e com maior capacidade de transmissão. Passou também a atingir jovens e adultos.
Em fins de 1974, já não havia condições de esconder a ocorrência de uma epidemia que, naquele momento, não atingia somente as áreas pobres e abandonadas da cidade. Ela agora chegava também a bairros nobres e aos filhos da classe média e alta, segmentos com maior poder de pressão.
O pânico se espalhou, e ficou evidente o despreparo da saúde pública para lidar com a situação. Não tínhamos vacinas disponíveis, pessoal suficiente, tampouco a estrutura hospitalar tinha condições de atender a uma demanda crescente. O Hospital Emílio Ribas (São Paulo), que tinha capacidade para 300 leitos, chegou a atender 1.200 pacientes acomodados em colchões espalhados pelos corredores, como retratou a imprensa da época.
Maria Goretti Moreira Venot
Excelente retrospectiva da saúde no nosso país, num período tenebroso da nossa história. Para que nunca mais aconteça, é necessário lembrar as futuras gerações.
Gislene Farias
Texto fantástico para conhecermos um pouco da história que muitos não viveram. Perdi coleguinhas para a meningite na época.