Hoje, sabemos que, em seu último suspiro, aquela estrela moribunda liberou no cosmo partículas velozes (relativísticas) e campos magnéticos intensos. Esses fenômenos resultaram no espetáculo celestial presenciado em 1054.
No século passado, fomos além da compreensão do fenômeno da luz síncrotron. Fizemos algo verdadeiramente extraordinário: inventamos engenhocas capazes de acelerar partículas até velocidades próximas à da luz. Essas máquinas são chamadas aceleradores de partículas.
Iniciamos com os aceleradores lineares, nos quais as partículas são aceleradas em uma ‘pista’ (tubo) reta e longa, por meio de estruturas aceleradoras que consistem em campos elétricos oscilantes, concentrados em cavidades metálicas ao longo da trajetória retilínea.
Logo, se percebeu que seria possível almejar energias muito mais altas, nas quais as partículas atingissem velocidades cada vez mais próximas à da luz – esta última é um limite intransponível da natureza para qualquer objeto com massa.
Em seguida, nos aventuramos pelos aceleradores circulares, denominados cíclotrons, propostos ainda no fim da década de 1920. Nesses equipamentos, um campo magnético constante mantém as partículas em um movimento circular, fazendo-as ganhar um pouco mais de impulso a cada volta, com a ajuda de campos elétricos que as empurram na mesma direção em que elas estão indo (aceleração longitudinal) e de forma sincronizada com seu giro.
Assim, essas partículas passam várias vezes pela mesma estrutura aceleradora, descrevendo uma espiral que se expande à medida que sua energia aumenta.
A invenção dos cíclotrons foi um marco que transformou a física de aceleradores. Mas esse avanço foi superado por ideias ainda mais ousadas que culminaram com os aceleradores síncrotron.
Nos cíclotrons, à medida que as partículas são aceleradas a energias cada vez maiores, a sincronização com os campos elétricos longitudinais desanda. Isso ocorre devido a um fenômeno previsto na teoria da relatividade do físico de origem alemã Albert Einstein (1879-1955): quanto mais uma partícula se aproxima da velocidade da luz, mais pesada ela fica. Nos cíclotrons, isso atrasa o ritmo de sua volta e a faz perder sincronia com a aceleração longitudinal.
Nos síncrotrons, essa limitação foi superada por meio de um mecanismo em que as diferentes energias das partículas são constantemente autossincronizadas com a aceleração longitudinal: partículas de maior energia recebem menos aceleração, enquanto aquelas de menor energia recebem mais aceleração – esse mecanismo atua como uma mola que busca equilibrar a energia de cada partícula em torno de um valor médio.
Adicionalmente, à medida que a energia média das partículas aumenta, o campo magnético é ajustado para mantê-las em uma trajetória de raio constante, evitando que se expandam em espiral, como ocorre nos cíclotrons.
Com essa invenção, foi possível construir aceleradores gigantescos, alcançando níveis de energia cada vez mais impressionantes.
Emília Hardy
Magníficos: o caminho, a pesquisa, os resultados, o texto.
Racionalmente compreensível, claro, divertido. Para os simples mortais, no entanto, ainda é quase “chinês”, difícil de decifrar. Abstrato demais para um cérebro comum…
Parabéns aos cientistas!!!!!