A difusão do conhecimento sobre o aquecimento global é uma das mais importantes cruzadas desempenhadas pelo ser humano. Cientistas, ambientalistas e sociedade civil organizada buscam entender, explicar e mitigar os efeitos do aquecimento em curso no planeta. A intrigante descoberta feita pelo físico e matemático francês Joseph Fourier (1768-1830) no século 19, atualmente chamada de ‘efeito estufa’, ganhou espaço nas agendas sobre o clima em todos os países e no planejamento militar pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Hoje, modelos matemáticos mais confiáveis dão contornos mais preocupantes ao tema, e, nesse caso, ações globais e assertivas são cada vez mais urgentes.
Muitas espécies de plantas e animais, inclusive os humanos, se adaptam às mudanças do clima. Uma estratégia comum utilizada por diferentes populações de seres vivos é o deslocamento ou ajuste no espaço-tempo para encontrar o ‘melhor lugar’ para sobreviver. Tais rotas de deslocamento são interpretadas como ‘pontes’, as quais facilitam o trânsito de espécies de um lugar para outro.
O conhecimento científico acumulado durante séculos de pesquisa, desde os tempos dos naturalistas, como os britânicos Alfred Wallace (1823-1913) e Charles Darwin (1809-1882) e a alemã Teresa da Baviera (1850-1925), torna evidente o ajuste fino entre a distribuição geográfica das espécies e os limites impostos pelo clima. Notam-se mudanças cromossômicas ritmadas em populações de moscas-da-fruta em resposta às mudanças de temperatura. Beija-flores de regiões tropicais deslocaram-se 400 km em direção a zonas temperadas, antes não habitadas.
E os humanos? Bem, também vamos nos adaptando, mas não tão rápido quanto precisamos – o que alguns chamam de ‘cegueira’ ou ‘adiaforização’ (isto é, dissociação entre personalidade e realidade).
Hoje, podemos reconhecer inúmeras assinaturas, ou marcas, dessas mudanças. Vamos tratar aqui de um grupo bem particular de seres vivos, as espécies de plantas endêmicas e ameaçadas de extinção, restritas às formações florestais úmidas do Brasil (isto é, Amazônia e mata atlântica). Os principais fatores de ameaça de extinção de todas as florestas úmidas no mundo são a perda ou degradação histórica do hábitat e a exploração comercial para uso humano.